Nos útimos quinze anos, o surf Gaúcho passou da condição de “um dos mais organizados do país” para um dos “mais desorganizados do país”.
Enquanto pensava em como iniciar esta coluna, sentado em frente ao meu Mac, comecei a olhar para o poster na parede e voltei no tempo. Voltei para o dia em que a foto do poster foi tirada. Era agosto de 1987 e eu estava em Puerto Escondido, no México. Naquele ano, eu era o campeão gaúcho de surf e tudo o que eu tinha na cabeça era o surf. Estava vivendo do surf, recebendo dinheiro de patrocinadores e da venda de premiações ganhas em campeonatos. Era muito dinheiro. E assim era o surf gaúcho naquela época. Alguns anos mais tarde, deixei de lado as competições e fui trabalhar na Brasil Surf. Para quem não sabe ou é muito jovem para saber, a Brasil Surf foi uma marca de surfwear criada aqui no estado, que se transformou numa das maiores do país. Tinha a melhor equipe de surf que este estado já viu e patrocinou os melhores e maiores eventos de surf de que se tem notícia até hoje neste estado. Na mesma época, o surf brasileiro começou a arrebentar no circuito mundial e, de lá prá cá, as coisas boas não pararam mais de acontecer para o surf...Brasileiro. É isto: para o surf Brasileiro, porque para o surf Gaúcho, ali começou a decadência. As Associações locais viraram favelas, a Federação Gaúcha nunca mais organizou nada no nível dos clássicos Circuitos Renner e nenhuma marca gaúcha conseguiu montar uma equipe como a da Brasil Surf. O resultado de tudo isso: andamos para trás. Nossos atletas penam para conseguir pagar seu treino e a imprensa faz de conta que não existe surf neste estado. É deprimente. Quando no início deste ano a ASTRI e a ASC apresentaram seus calendários prevendo um total (as duas juntas) de dez etapas até dezembro, sugeri que as duas associações unificassem seus Circuitos e propusessem para a FGS que homologasse este como sendo o Circuito AM de 2002. Ninguém me ouviu e o resultado está aí. É muita desorganização para dar certo.
Boas ondas.