(Jornal Extremo Sul)
Não existe classificação mais adequada para o lugar onde surfamos. Estamos no lugar mais ao sul deste imenso pais. Passamos dificuldades e vivemos experiências que nos diferenciam enormemente dos nossos colegas “do norte” e tudo porque vivemos no extremo sul do Brasil.
Mas não é só isso.
Também podemos encontrar um outro significado para a expressão “Extremo Sul”: é uma referência à luta constante que nós, surfistas gaúchos, temos que travar contra as adversidades que encontramos para praticar este esporte por aqui. Nesta terra, num momento está agradavelmente quente, mas com o vento nordeste acabando com qualquer condição razoável de surf. Em outro momento, está soprando um vento sul congelante fazendo com que o mar cresça – mas junto com o swell, vem a corrente, o frio e o pior: as assassinas redes de pesca.
Mas ainda assim, surfista gaúcho sabe que nem são tão raros assim os dias clássicos. Nós sabemos que depois daqueles dez dias de nordeste, vem a chuva e, com ela, o terral e o resultado: tubos e mais tubos quadrados. Também sabemos que, antes de chegar o vento Minuano que traz o frio e a ressaca, sempre rola um clássico de terral. E a baixada após a ressaca? O vento sul começa a enfraquecer, a temperatura começa a subir, o mar vai baixando e ajeitando e…bingo! Outro clássico logo após a ressaca. Depois de acompanhar estes ciclos por alguns anos, qualquer surfista gaúcho aprende a “sentir” as condições. Nem precisaríamos de previsões na internet. Aqui, no extremo sul, as condições climáticas são mais fáceis de serem previstas, porque elas tem mudanças…extremas!
E porque tudo nesta terra parece ser extremo, espero que este novo veículo dirigido à nossa comunidade busque o extremo nas suas coberturas. Que vá a fundo nas reportagens e principalmente: que tente resgatar o valor do surfe gaúcho, que anda tão em baixa ultimamente. Não fossem o Pedra e o Daison nos representando, estaríamos esquecidos. Abandonados aqui no extremo.
Então é isso. Para aqueles que já conheciam minha coluna – de outras épocas e veículos – prometo manter a mesma linha. Para os que nunca puderam ler o que escrevo, apresento-me: 26 anos de surfe – 26 anos trabalhando com o surfe, como competidor, na área de marketing e na organização de eventos - 26 anos lendo tudo o que está à disposição sobre o esporte. Minha proposta é passar para o papel o meu jeito de interpretar os fatos, tendo como base esta experiência.
Dou as boas vindas ao Extremo Sul. Espero que o jornal tenha muito sucesso e que a comunidade surfística gaúcha acolha este novo veículo com muito carinho.
Um abraço e até a próxima.