sexta-feira, 4 de julho de 2008

Inversão de valores no surf gaúcho - Parte III

Recebi um e-mail do presidente da FGS, comentando e respondendo as postagens publicadas aqui. Prometi ao Orlando que daria este espaço para ele poder se pronunciar também, afinal de contas este é um blogue democrático.

Vou publicar a mensagem recebida na sua integra. Não editei nenhuma linha. Acho melhor assim.

E aviso que esta é a última mensagem sobre este assunto que eu pretendo transcrever. O Tracks não é um local para discussões ou debates de terceiros. Aqui quem fala as bobagens ou quem acerta é o autor - que também é o alvo dos elogios ou críticas.

Portanto peço aos envolvidos que, se quiserem continuar com o debate, por favor, o façam de maneira privada. O Tracks voltará a partir de agora, à sua proposta original.

Segue o e-mail do Orlando:

"Questiono-me todos os dias, estou à frente de uma das mais importantes federações de surf da história nacional, e o que estou fazendo pelo surf gaúcho? O que me vem á memória é que há alguns anos o Estado estava mergulhado em um marasmo de eventos e realizações. Com o apoio de pessoas sérias começamos a reconstruir o surf no estado.

O primeiro ponto a ser trabalhado, era o surf amador, a base. Quando falo da base me refiro aos atletas de até 18 anos, aqueles que sonham com o surf profissional. E o que fizemos? Organizamos o calendário e o cumprimos a risca, com “migalhas de lobby político”, como alguns lunáticos dizem. Lunáticos, porque pensam na lua sem antes fazerem o dever de casa aqui na terra. Incentivamos as associações a realizarem campeonatos internos e também Amadores, algumas se organizaram e conseguiram realizar várias etapas ao longo do ano.

Pensando no futuro do esporte vimos à necessidade de envolvermos mais o seguimento do surf nas ações da FGS. Com a assessoria técnica da Fundação Conesul, propus a realização de um fórum de debates com representantes, lojistas, fabricantes e imprensa especializada para traçar novos rumos. Conduzido por mim e mediado pelo Marcelo Lopes, consultor da fundação, a primeira reunião foi um sucesso e várias metas foram traçadas, infelizmente, por disputas comerciais não foi possível dar seqüência a proposta. Espero que este texto reacenda a discussão.

Seguindo com o surf de base, começamos a pensar em como dar mais experiência aos nossos atletas e projetá-los no cenário nacional. A melhor forma seria atraindo competições importantes para o Estado e levando-os (diga-se pagando o transporte) para eventos nacionais. O que fizemos desta vez? Primeiro recuperamos a credibilidade do Estado junto as entidades nacionais (CBS e ABRASP), levando os nossos atletas amadores nas etapas do Circuito Brasileiro Amador (Maresia-SP, Stella Maris-BA e Matinhos-PR) e depois realizando três etapas do Circuito Gaúcho Profissional, colocando mais um gaúcho,Pedro Gross, no Super Surf de 2007.

Só com estas realizações já estávamos reconstruindo o surf gaudério, mas fomos além. Criamos um site oficial e um livro de regras foi postado nele. Iniciamos as transmissões ao VIVO dos eventos regionais (o primeiro Estado a fazer isso no BRASIL) e entramos de cabeça nas discussões sobre as áreas de surf e pesca. Aliás, antes de assumirmos já estávamos trabalhando, pois havia mais uma morte em rede no Estado (Xavier o último óbito-2005). Desde lá não fugimos do compromisso assumido. Buscamos as autoridades competentes e exigimos uma varredura do litoral e o cumprimento dos acordos até então firmados. A Brigada Militar percorreu o Estado de avião e lancha recolhendo todos os artefatos de pesca do mar.

No ano de 2007 traçamos a meta de fortalecer o que se havia conquistado e foi exatamente o que fizemos. O ano começou com a realização da primeira etapa do Circuito Brasileiro Amador, em Atlântida, dando assim a oportunidade para nossos atletas competirem com os melhores do Brasil em nossa casa. Resultado positivo, Vini Fornari ficou com a segunda colocação e por pouco não foi o campeão. A partir daí, continuamos o trabalho desenvolvido no ano anterior e levamos mais uma vez a equipe nas etapas do Brasileiro Amador no Rio Grande do Norte, Bahia e Espírito Santo.

No âmbito profissional realizamos o Circuito Gaúcho e Sul Brasileiro, distribuindo mais de R$ 50.000,00 reais e garantimos a vaga de mais um gaúcho, (Robson Gobatto) no Super Surf deste ano.

Nestes dois anos também buscamos o aperfeiçoamento profissional dos nossos juízes através de intercâmbios. Ora trazendo os melhores da CBS, ABRASP e ASP para trabalhar e palestrar aqui, ora mandando os nossos juízes para eventos nacionais e internacionais. Pela primeira vez na história um juiz gaúcho participou de um evento internacional da ASP fora do Estado. Luciano ”Fuka” de Matos foi ao Chile e além de representar muito bem a FGSurf voltou de lá como juiz ASP.

Já a questão das redes é um assunto complicado, que o diga o Virgilio, ex-presidente e atual Diretor de Segurança da FGSurf, que está nesta luta a muito tempo.Com o apoio desta gestão da FGSurf foi criada uma subcomissão na assembléia, pelo Deputado Vieira da Cunha, que culminou no Fórum de Tramandaí. Depois disso apresentei o Virgilio para o Deputado Sandro Boka que propôs a criação de uma Frente Parlamentar para harmonizar as tratativas entre os pescadores e os praticantes de esportes náuticos.

Harmonização é a palavra chave para um entendimento, porque até então a idéia era nós contra eles e não ao entendimento e divisão de espaços. Os pescadores são trabalhadores que necessitam do mar tanto quanto nós. Devemos sim, banir do estado os pescadores clandestinos e em minha opinião, temos que buscar alternativas para a pesca, retirando da orla as redes fixas e de passeio. Nessa linha de raciocínio conseguimos o entendimento em Xangri-lá, liberando mais de quatro quilômetros para a prática de surf no município.

Por fim a Governadora criou o Programa Surf Legal onde nomeou um grupo de trabalho específico a fim de elaborar um estudo para resolver estas questões, formado pela Secretaria de Turismo, Casa Civil, Assembléia Legislativa, Ministério Público, Brigada Militar e a Federação.

Neste ano permanecemos com a mesma determinação e comprometimento dos anos anteriores e a vantagem de já termos alcançados os objetivos iniciais, precisamos ter calma para avaliar as conquistas e traçar novas metas.

O Circuito Profissional vai muito bem obrigado, tendo distribuído até o momento R$ 65.000,00 e com a certeza de realizar pelo menos mais uma etapa, finalizando o ano como o Circuito Regional mais RICO do Brasil.

Os amadores começaram bem o ano, trouxemos uma etapa da Seletiva Rip Curl Grom Seach para Atlântida e uma etapa da Seletiva do Mundial Billabong Junior para Torres. Além de servir para esquentar os motores, nos coloca no mapa mundial de grandes competições e ainda da a oportunidade, mais uma vez, de intercâmbio para os atletas e juízes gaúchos. Neste ano o circuito está forte e com pelo menos seis etapas realizadas pela federação além das realizadas pelas associações que estão trabalhando em parceria com a FGS pelo desenvolvimento do surf.

Com tudo isso, estamos apresentando várias oportunidades para novos talentos surgirem e despontarem no cenário nacional, dando cada vez mais experiência e confiança para os nossos atletas. Mas sem continuidade no trabalho e sem representação no cenário nacional, os gaúchos não terão solidificadas estas conquistas.

Concluindo, tenho certeza de estar contribuído de forma eficiente e profissional para a segurança e o fortalecimento do SURF Gaúcho.

PS. Quem está invertendo os valores?

Orlando Carvalho
Presidente da Federação Gaúcha de Surf
WWW.fgsurf.com.br
orlandocarvalho@fgsurf.com.br
ascn@hotmail.com"

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