sábado, 7 de julho de 2018

WSL - JBay

WSL - FCS2 (Por Renato Ferreira Sachs)

Podemos analisar esta etapa em 3 aspectos: Parko, Toledo e Campeonato.

1- A Aposentadoria de Parko, sufista que junto com seus 2 camaradas de Coolangata (MF e Dingo), surgiram de uma onda feita pelo homem, desafiaram o reinado de um certo Rei (Slater) e seu Príncipe (Andy), o grupo unido desde pequeno como amigos, trouxe velocidade e alta performance para ondas de um suposto circuito dos sonhos. As pranchas evoluíram pelos pés destes camaradas, quilhas avançaram absurdamente para acompanhar as performances, treinamento físico incondicional e a parte tática estava no dna. Parko que junto com outro Rei (Curren) foi um dos maiores e mais copiados surfistas da história, a fluidez aliada ao balanço do corpo sobre a prancha é algo maravilhoso de se ver. A geração de velocidade é natural, aquele velho jargão: Parece Fácil.....mas acreditem não é... tem um currículo em competições que o coloca no panteão dos melhores surfistas competidores da história do surf. Assim como acontecerá com MF, sentiremos a sua falta. Mas temos Toledo!!!

2- A onda de Jbay pode ser comparada a uma Trestles anabolizada algumas vezes. Assim partimos do princípio de que quem treina numa saberá surfar a outra....e quando digo surfar, estou falando em demostrar todas as suas armas. É uma onda em que todos os seus predicados aparecem, quase um livro aberto, onde qualquer erro no controle da velocidade pode ser fatal, ou seja, para nós meros telespectadores fica fácil de saber quem é o melhor surfista por bateria, porque não se pode mascarar. Portanto o melhor surfista ganhará. Isto é fato e não tem negociação. Se Toledo foi majestoso no ano passado numa das melhores apresentações que o tour já assistiu, imagina agora, evoluido e conhecedor do caminho da vitória. Coloca-lo como principal candidato a ganhar esta etapa é uma obrigação, com ou sem tubarão, de base trocada, deitado, o que for!!! Toledo é o melhor surfista do planeta junto com GM. Suas performances em todos os 4 dias da competição foram estarrecedoras. O silêncio no palanque era de assustar, somente suspiros, todos imaginando: que perda de tempo seria ficar toda a janela de competição sabendo como seria o fim, exceto pela honra de fazer parte da elite e surfar sozinho uma das 3 melhores ondas do mundo sozinho. Qualquer atleta deve suar sangue quando tem que encarar um monstro de 60kg, que motivado pela sua família e suas pranchas mágicas, não tem um único objetivo a não ser conquistar o Título Mundial de Surf.

3- Podemos dizer que o modelo de campeonato que nós tivemos poderia ter alguns pequenos ajustes. A etapa foi espetacular, com pequenos vacilos, mas tudo dentro da normalidade de entendimento da natureza, aliada à visão de não misturar as 2 divisões: masculino e feminino. Seguem algumas observações e para não deixar de apontar os erros, vou descrever alguns que realmente achei muito escancarados:
- O primeiro call do round 1 foi precipitado;
- Jesse ganhou do Mickey que, como sempre, não nos mostra nenhuma inovação nas suas manobras e ainda sim me pareceu com velocidade abaixo da média. Jessé foi muito preciso e arriscou, mas tem a desvantagem de não ser "tão amado" pela turma do segundo andar...;
- Por que as moto aquáticas não estavam resgatando os nossos camaradas quando as pranchas quebravam ou leashes estouravam? Muita perda de tempo em um point break imenso;
- A equipe de proteção da vida marinha foi espetacular, cuidadosa e precavida, o oeste australiano tem que aprender com os irmãos sul africanos sobre como regular o line up e principalmente sobre quando invadi-lo ou não; 
- O round 3 foi especial para sabermos que a etapa seria definida entre Toledo e Gabriel, mas houveram 2 baterias do Julian no round 3 e 4 que entrei em desespero, ele não surfa como candidato ao título e muito menos como top 5. Fica escancarado a ajuda do segundo andar para ele, me sinto como se não entendesse nada de surf e somente a turminha de cima sabe o que faz ou o que diz...mas estão errados e não assumem o erros. As vezes parece uma luta de boxe, onde tu pode apostar as fichas no campeão que mesmo apanhando durante os 10 rounds, se não cair, vai ganhar....Viva a bolsa de apostas!! Ídem a nota do Japonês que, sinceramente, não chegou nem perto das notas dos meus 2 heróis. Alguém viu o tubo do Jordy contra o Thomas? Manobra enaltecida como se fosse algo maravilhoso, mas ficou um tempo somente na "porta"...Por que tiraram o comparativo ao vivo das ondas? Não querem mostrar as dificuldades em julgar, até o futebol avançou neste quesito, e quando falo Futebol, falo de um esporte 1000 vezes maior que o surf em termos de retorno $$$$;
- Ídalo e Bourez não podem se dar ao luxo de fraquejar nos primeiros rounds se almejam o caneco no final do ano;
- Kolohe e Ace estão surfando muito, Kolohe esta querendo algo a mais, parece que reascendeu uma chama do tempo do QS. Coffin de quem era esperado um surfe de borda e arcos longos, seguiu o caminho burocrático e abdicou de ambos, deixando a desejar nas suas apresentações;
- As táticas de bateria aliadas às escolhas de equipamento, vide pranchas e quilhas, foi de extrema importância. Houve momentos do mar em que a onda pedia pranchas que fossem mais verticais e outras vezes velocidade na paralela ou o famoso "down the line". Os atletas ficavam esperando pelas ondas certas ou abdicavam, pois sabiam exatamente o que as pranchas executariam, ficou fácil de ver os erros nas escolhas das manobras pela maioria dos atletas: os mais inteligentes atravessavam estas correções com velocidade, pois sabem gerar velocidade e retomar a mesma em transições de borda e fundo como somente eles, são mais equilibrados ou fluidos. Nesta hora o casamento arranjado que tenho visto de surfista x shaper tem sido de suma importância. A confiança entre criador e atleta eleva o nível de performance, sem que o atleta tenha medo de arriscar. O exemplo a ser analisado é do Parko, o mesmo optou por uma quilha com mais torção e flexibilidade, significa que ele entrava nas curvas de início de manobra com muito mais verticalidade e explosão, fazia o controle na transição e retomava a velocidade. Podem reparar que sempre no terço final da manobra a rabeta da prancha reagia de outra forma como não é costume nas suas performances;
- Tem 2 camaradas que vou parar de acompanhar nas etapas, Alejo (QS) e Michel Rodrigues. É muita sofrência, o coração perde o compasso, amo estes camaradas, mas a dor de torcedor é muito grande, vou dar um tempo!!!
- Alguém abriu os cofres para o Wade? Ele não precisa provar nada, porém ficaria mais feliz com um pouco de dimdim na conta.
     
            Chegamos a metade do ano competitivo, difícil de prever o que acontecerá, mas o segundo semestre sempre foi generoso para os brasileiros. Julian e Jordy não tem competitividade para serem líderes do circuito, GM pronto para o Bi e Toledo pronto para o primeiro, somente algo fora da curva para tirar o título de um dos 2 melhores surfistas do Planeta.

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