Hoje é domingo, dezembro, está fazendo um calor danado e acabo de sair do cinema de um shopping de Porto Alegre.
Como assim...? Dezembro, o maior sol do mundo e eu na cidade...? Não, ainda não fiquei louco. Tive que ficar porque no sábado tinha um compromisso e a idéia original, era passar o domingão na praia. Só que dei uns telefonemas e descobri que não estava valendo.
Foi aí que o acaso me empurrou para um dos maiores prazeres que tive nos últimos tempos: assistir o lançamento do documentário sobre a vida do paraibano Fábio Gouveia. Descobri que o evento estaria acontecendo às 14h, almocei correndo, convidei um amigo e me toquei. Confesso que, a princípio, sem muita espectativa, pois para mim, os filmes de surfe atuais são todos iguais: uma sucessão de aerials de tudo quanto é tipo, cheios de cortes malucos, normalmente filmados nas Mentawai ou em algum beachbreak safado e com uma trilha sonora trash e barulhenta. Bom para ver num bar, enquanto se joga conversa fora, mas de jeito nenhum numa sala de cinema.
De qualquer maneira, eu estava curioso, pois o filme vem ganhando tudo quanto é prêmio por este Brasil a fora - e de gente de fora do nosso meio.
Pois bem, o que posso dizer é que o filme é simplesmente sensacional. Do começo ao fim. Edição, montagem, trilha sonora, efeitos visuais, tudo. É imperdível. Obviamente não vou falar aqui sobre a qualidade do surfe, porque em se tratando de Fábio "Fabuloso" Gouveia, não há o que dizer senão que ele é o Pelé do surfe. Comparado internacionalmente com Tom Curren, desbravador de fronteiras para o surfe tupiniquim, engraçado como só ele e respeitado como poucos surfistas no mundo.
Recentemente, ouvi um comentário sobre o DVD "Pelé Eterno" que me fez compra-lo: me disseram que, após assistir o documentário, chega-se à conclusão de que Ronaldinho e Cia. não são "uma perna do Pelé". Apesar de ve-lo jogar várias vezes, confesso que tive que assistir o filme para concordar que o comentário não é um exagero. O cara é inigualável.
Da mesma maneira, ao assistir Fábio Fabuloso, fui lembrado de tudo o que este cabra fez e continua fazendo dentro e fora d'água. Também vi e ouvi histórias - a maior parte delas contadas por gringos - que eu nunca tinha ouvido nem lido a respeito.
Daí eu puxo da memória e lembro de um OP Pro nos idos anos 80. Joaquina lotada e lá, no meio daquelas centenas de surfistas amadores, um deles cujo nome nunca tinha ouvido, arrebentando com as ondas. Mas a minha surpresa não foi com o fato de um desconhecido estar acabando com as ondas - isto era normal em tempos pré-internet e Sportv. A surpresa veio quando soube que o cara era um paraibano e que estava dormindo sob o palanque. Era Fábio Gouveia, começando a mostrar-se ao mundo. Não lembro de muitos detalhes daquele campeonato, mas jamais esqueci do surfe apresentado pelo Fabinho.
Mal posso esperar pelo lançamento do DVD do filme. Há uma vaga bem ao lado do "Pelé Eterno" reservada especialmente para "Fábio Fabuloso".
Boas ondas.
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