quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Vão morrer mais surfistas!

Audiência Pública com surfistas (onde, onde?) e pescadores
no MP de Tramandaí na sexta-feira, 13 (que ironia, não?)


Desculpem-me pelo título sarcástico, mas não é de agora que tenho falado o que me parece mais certo, independente do quão agressivas possam soar minhas palavras, em se tratando do assunto em questão.

O fato é que pelo rumo que a conversa entre surfistas, pescadores e Ministério Público está tomando, não há como me enganar: novas mortes virão. A Comissão Surfe Seguro - da qual faço parte - abandonou seu trabalho há dois anos por perceber que seu objetivo principal, o de conseguir a proibição da pesca com redes no nosso litoral não tinha o apoio nem dos próprios surfistas.

Percebemos que éramos cinco "loucos" acreditando numa idéia que, segundo a grande maioria dos surfistas é inviável, por uma série de razões - algumas com um certo sentido e outras nem tanto.

À época, afirmamos para quem quisesse ouvir, a mesma coisa que está no título deste texto. E não nos orgulhamos por termos acertado. Aliás, estamos assistindo, perplexos, tudo repetir-se: surfistas, pescadores e Ministério Público estão acreditando que haverá fiscalização, que bóias de sinalização serão usadas (e funcionarão) e que todos obedecerão a sinalização (que agora será feita) - inclusive a natureza! Veja detalhes desta conversa aqui, no site do Ministério Público.

O pior de tudo é que mesmo que houvesse esta colaboração geral - inclusive do mar, não criando mais correntes laterais, nem mesmo nos dias de nordestão ou vento sul (oba!) - ainda assim, por questões óbvias, não haveria a garantia de segurança, por um motivo muito simples: redes soltam-se, ondas empurram e surfistas inexperientes surgem todos os meses.

E vejam bem, quando defendemos a proibição da pesca com redes, não estamos indo contra a pesca e muito menos, o pescador. Estamos protestando apenas contra este tipo específico de pesca. Caniço, tarrafa, barcos pesqueiros e até a pesca em plataformas nunca mataram ninguém. Mesmo o perigo de chumbadas ao lado das plataformas, não oferecem risco de vida. Puxa vida, isto é tão claro...não consigo entender por que ninguém vê.

Imagino que a tarefa da Federação Gaúcha de Surfe seja ingrata. Orlando, o presidente, recém assumiu e já teve de abraçar esta bronca. Mas é melhor assim, Orlando. Melhor do que acreditar que está tudo bem e ser pego de surpresa. Mas suplico à FGS que repense suas posições. Pese na balança até que ponto vale à pena ser político não brigando com deus e o mundo e ver mais dos nossos morrerem como se fossem peixes.

Minha filha está com dois anos e meio. Sinceramente? Juro que estou esperando o desfecho desta estória toda para decidir se vou incentiva-la a ser surfista. Do jeito que a coisa está, vou preferir ter uma patricinha, viva, perto de mim do que uma parceira de surfe apenas na lembrança.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olha Giovani, sugiro que as autoridades adotem a seguinte atitude, assim como armas e carros possuem uma maneira de serem identificados, as redes deveriam possuir um sistema de registro......o pessoal deve estar pensando que sou louco, mas não, algum proprietário de rede que enredou algum esportista já foi autuado...até então só sabemos nomes das vítimas.... pois com o registro de número e porte na rede, os banhistas podem realizar a denúncia pegando a numeração (como uma aram), ou algo semelhante.....também para as autoridades poderem autuar quem esta fora da lei, além do mais os pescadores deveriam possuir além da carteira de pescador uma habilitação, onde os pescadores assinassem um termo de ciência para manuseio em locais e forma adequada para trabalhar com estes equipamentos....valeu um abração