segunda-feira, 12 de maio de 2008

Inversão de valores no surf gaúcho

Guardei esta foto faz tempo. E agora não sei a quem devo o crédito.
A foto foi surrupiada (no bom sentido) da Drift. Valeu Dario!

Há algum tempo eu venho tendo dificuldade para atualizar o Tracks. Não é falta de vontade, muito antes pelo contrário, é falta de tempo mesmo. De qualquer maneira, volta e meia, quando encontro algum asssunto interessante, eu dou um jeito de publicar.

Outro dia troquei uns e-mails com o Ki Fornari, grande figura do surfe gaúcho, e convidei-o a colaborar aqui. Bem, o que segue espero que seja o primeiro de muitos textos. Seja bem-vindo, Ki!

"Há muito tempo venho matutando sobre o convite do Giovanni em colaborar com o blog mais conferido pela galera de Tramandaí e quem sabe, pela grande parte da velha-guarda do surf. Depois de uma pausa nas críticas públicas, resolvi apimentar um pouco este blog, e se o Giovanni permitir, compartilhar alguns pensamentos.

Os sites “especializados” em surf, no Rio Grande do Sul, vem na medida do possível abrindo espaço para os atletas gaúchos se manifestarem sobre as competições e fatos corriqueiros do esporte, enaltecendo principalmente o fator local. Algumas matérias permitem a postagem de comentários, e em meio a ofensas pessoais de alguns internautas, verdadeiros absurdos que passam pelos “filtros” moderadores dos sites, uma pergunta feita pelos “comentaristas” vem aparecendo com freqüência, associando a performance dos atletas do estado em competições interestaduais e nacionais: “O que está acontecendo com o surf gaúcho?”

O surf gaúcho sempre enterrou sua história, e me preocupa essa impressão de que o surf dos pampas começou com o Pedra chegando ao WCT, lá nos idos de 2001 e 2002, e que agora estamos em plena decadência, na pior fase da história.

A história do surf gaúcho é interessante, e volta e meia vasculho arquivos da Associação dos Surfistas de Capão da Canoa (ASCC), deixados por um ex-dirigente da FGS, que inclusive foi execrado no meio do surf, por atitudes que não cabem aqui serem discutidas, mas que apesar disso, deixou um brilhante trabalho de registro da história das competições no estado. Desde o início, em 1985, até o rescaldo de sua gestão, em meados de 2000.

Por tudo o que acompanhei “ao vivo”, ou nos “registros públicos”, posso afirmar que no quesito representatividade dos atletas, nunca estivemos melhor. Temos o Pedra como melhor brasileiro no circuito mundial (2007), temos 2 atletas no Super Surf, inclusive com vitórias em etapas e presença entre os 10 melhores do Brasil (leia-se Daison Pereira). E temos na rabeira destas realizações muitos atletas tentando carreira como surfista profissional, disputando certames regionais e nacionais em diversos estados brasileiros. Posso citar: Robson Gobbato, Vini Fornari, Renan Borba, Stéfano Dornelles, Iuri Silva, e outros. Além é claro de um surfista que vem se destacando pelo “go for it”, Pedro “Manga” Aguiar, cuja coragem já estampou até página da revista Fluir.

A década de 1990 foi marcada pela abundância competitiva no estado, onde desfilaram em ondas gaúchas, surfistas de renome no cenário nacional e mundial, como bem lembro e cito como exemplo, o WQS de 97, em Capão da Canoa. O Circuito Gaúcho também era forte, com etapas em várias praias, além de um provável e respeitável calendário, algo apenas ilusório nos dias de hoje. Poucos atletas optaram pelo profissionalismo, em uma época em que o estado dava oportunidade de intercâmbio e troca de experiencias, e a mídia, valorizava como nunca atletas amadores e profissionais. O Pedra foi único, teve visão, aproveitou as oportunidades, foi centrado e competente, e colhe os frutos até hoje.

Sem base local, apoio estatal, e à mercê de uma instituição que faz lobby político, a fim de receber migalhas, quais seriam as chances de um atleta gaúcho despontar como surfista profissional hoje em dia? Todos os atuais “local heros”gaúchos fazem por si, assim como o Pedra fez na década de 1990. A pergunta inicial dos internautas é pertinente, mas o que será de nós após a aposentadoria de nosso maior herói, o que acontecerá ao surf gaúcho?

Por fim, mais uma vez entristeci-me ao ver o site da FGSurf informando sua mobilização ao Pró-orla do Guaíba. “Eles” devem estar pensando: “O litoral gaúcho é maravilhoso, revitalizado, e sem redes de pesca. Agora vamos ajudar a melhorar o Guaíba”.

Sabem quantas linhas sobre o alerta de redes de pesca perambulando pelo litoral gaúcho após o ciclone estampam o site oficial do surf gaúcho? Adivinhem!

Aloha!
Ki Fornari"

Um comentário:

Dario B. Bestetti disse...

Giovanni, a foto vem do site da Drift Magazine, edição de número 4 (http://www.driftmagazine.co.uk/backissues.htm).

[]s
Dario