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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Entrevista com o Deputado Brasil

O Blogue Surf Seguro RS, do Márcio Grazziotin Dutra, simulou uma entrevista com um deputado imaginário. Ficou bacana. O Márcio realmente conseguiu colocar o cretino numa saia justíssima. Gostei muito deste trecho da entrevista:


7 - Nos Estados Unidos, estado do Arizona, um conflito semelhante aconteceu. Nas montanhas deste estado a caça é liberada em algumas áreas, porém existe um número de campistas que praticam esportes nos mesmos locais. Alguns caçadores avançaram na área de esportes. Alguns campistas avançaram na área de caça. A demarcação e fiscalização são complicadas. Decorre disso a morte de um campista atingindo por uma bala de um caçador. Minha pergunta é a seguinte: o Senhor acha que o Estado do Arizona deve proibir a caça ou aguardar, com intermináveis discussões, a 50ª morte para somente então tomar uma decisão?


Resposta: [...] Silêncio


8 - Em sua opinião qual atividade econômica justifica 49 vidas?


Resposta: [...] Silêncio


Leia a entrevista completa aqui.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Redes x Surfistas - morreu mais um!



Salvem o "Peixe-Homem"

Já recebi umas pedradas por criticar a mobilização para salvar as baleias encalhadas, enquanto os surfistas que morrem presos às redes não recebem a menor atenção. Tudo bem, talvez eu tenha me deixado levar pela emoção (mas como evitar isto?).

De qualquer maneira, de uma forma irônica e muito mais política, o Márcio Grazziotin dá o recado aqui.

É isso aí. Depois de salvar as baleias, os golfinhos e as tartarugas, será que sobra um pouquinho de espaço, verba e vontade política para também salvar os surfistas?

Morte no surf

A comunidade do surfe acordou de ressaca hoje.

Primeiro a surpreendente notícia do falecimento do bodoso, que nos últimos tempos nem bodoso era mais. O cara vinha dando mostras de ter se transformado num sujeito extremamente boa praça e até venceu uma etapa do WT.

Andy Irons foi um daqueles personagens que conseguem marcar a história de um esporte. Ele não se limitou a vencer. Fez muito mais do que isto e por este motivo, quando nos deixa, causa muita comoção. Em meio a dezenas de notícias e opiniões, copiei esta, do Surfline, com um depoimento do careca, que faz a gente pensar: "Andy was an absolutely gifted individual. I'm lucky to have known him and had the times we had together. I feel blessed that we worked through the differences we had and I was able to learn what I'm made of because of Andy. We enjoyed many quiet times together with our girls in the last year and I got to know a happy, funny, innocent kid who was happy to live every second with the people he loved. I'm so sad..." Lê o resto aqui.

Mas estas notícias provavelmente você já leu aqui e ali. O que provavelmente você não leu, é que outro surfista, bem menos conhecido e muito menos famoso, também morreu. Só que ao contrário do tricampeão mundial, este morreu de um jeito bizarro, primitivo até: preso a uma rede de pesca!

É isso mesmo, estamos no século XXI, ano 2010 e no Rio Grande do Sul, feriado de muito sol, verão se aproximando, ainda existem assassinos instalando redes como se fossem arapucas, verdadeiras armadilhas humanas!

Esta é a 49ª morte de um surfista preso a uma rede, no RS. Nunca, em nenhum lugar do mundo, tantos surfistas morreram enquanto praticavam o surfe. Mesmo assim, este absurdo recebe menos atenção do que quando um tubarão arranha o braço de alguém, ou pior: na semana passada vimos ampla cobertura em todos os meios jornalísticos, inclusive no horário nobre do jornalismo brasileiro - no JN - a cobertura da tentativa de salvar duas baleias que haviam encalhado em dois pontos diferentes da costa brasileira. Toda uma estrutura foi deslocada para os locais: barco da Petrobras, biólogos, aparato das prefeituras....

Mas o que é isto??? Duas baleias recebem mais atenção do que seres humanos sendo pescados como se fossem peixes? Fico aqui pensando que talvez devamos torcer para uma baleia destas se prender a uma rede de pesca e morrer. Daí sim, e só neste caso, consigamos resolver o problema de vez, que é PROIBIR A PESCA COM REDES DE UMA VEZ POR TODAS!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Inversão de valores no surf gaúcho

Guardei esta foto faz tempo. E agora não sei a quem devo o crédito.
A foto foi surrupiada (no bom sentido) da Drift. Valeu Dario!

Há algum tempo eu venho tendo dificuldade para atualizar o Tracks. Não é falta de vontade, muito antes pelo contrário, é falta de tempo mesmo. De qualquer maneira, volta e meia, quando encontro algum asssunto interessante, eu dou um jeito de publicar.

Outro dia troquei uns e-mails com o Ki Fornari, grande figura do surfe gaúcho, e convidei-o a colaborar aqui. Bem, o que segue espero que seja o primeiro de muitos textos. Seja bem-vindo, Ki!

"Há muito tempo venho matutando sobre o convite do Giovanni em colaborar com o blog mais conferido pela galera de Tramandaí e quem sabe, pela grande parte da velha-guarda do surf. Depois de uma pausa nas críticas públicas, resolvi apimentar um pouco este blog, e se o Giovanni permitir, compartilhar alguns pensamentos.

Os sites “especializados” em surf, no Rio Grande do Sul, vem na medida do possível abrindo espaço para os atletas gaúchos se manifestarem sobre as competições e fatos corriqueiros do esporte, enaltecendo principalmente o fator local. Algumas matérias permitem a postagem de comentários, e em meio a ofensas pessoais de alguns internautas, verdadeiros absurdos que passam pelos “filtros” moderadores dos sites, uma pergunta feita pelos “comentaristas” vem aparecendo com freqüência, associando a performance dos atletas do estado em competições interestaduais e nacionais: “O que está acontecendo com o surf gaúcho?”

O surf gaúcho sempre enterrou sua história, e me preocupa essa impressão de que o surf dos pampas começou com o Pedra chegando ao WCT, lá nos idos de 2001 e 2002, e que agora estamos em plena decadência, na pior fase da história.

A história do surf gaúcho é interessante, e volta e meia vasculho arquivos da Associação dos Surfistas de Capão da Canoa (ASCC), deixados por um ex-dirigente da FGS, que inclusive foi execrado no meio do surf, por atitudes que não cabem aqui serem discutidas, mas que apesar disso, deixou um brilhante trabalho de registro da história das competições no estado. Desde o início, em 1985, até o rescaldo de sua gestão, em meados de 2000.

Por tudo o que acompanhei “ao vivo”, ou nos “registros públicos”, posso afirmar que no quesito representatividade dos atletas, nunca estivemos melhor. Temos o Pedra como melhor brasileiro no circuito mundial (2007), temos 2 atletas no Super Surf, inclusive com vitórias em etapas e presença entre os 10 melhores do Brasil (leia-se Daison Pereira). E temos na rabeira destas realizações muitos atletas tentando carreira como surfista profissional, disputando certames regionais e nacionais em diversos estados brasileiros. Posso citar: Robson Gobbato, Vini Fornari, Renan Borba, Stéfano Dornelles, Iuri Silva, e outros. Além é claro de um surfista que vem se destacando pelo “go for it”, Pedro “Manga” Aguiar, cuja coragem já estampou até página da revista Fluir.

A década de 1990 foi marcada pela abundância competitiva no estado, onde desfilaram em ondas gaúchas, surfistas de renome no cenário nacional e mundial, como bem lembro e cito como exemplo, o WQS de 97, em Capão da Canoa. O Circuito Gaúcho também era forte, com etapas em várias praias, além de um provável e respeitável calendário, algo apenas ilusório nos dias de hoje. Poucos atletas optaram pelo profissionalismo, em uma época em que o estado dava oportunidade de intercâmbio e troca de experiencias, e a mídia, valorizava como nunca atletas amadores e profissionais. O Pedra foi único, teve visão, aproveitou as oportunidades, foi centrado e competente, e colhe os frutos até hoje.

Sem base local, apoio estatal, e à mercê de uma instituição que faz lobby político, a fim de receber migalhas, quais seriam as chances de um atleta gaúcho despontar como surfista profissional hoje em dia? Todos os atuais “local heros”gaúchos fazem por si, assim como o Pedra fez na década de 1990. A pergunta inicial dos internautas é pertinente, mas o que será de nós após a aposentadoria de nosso maior herói, o que acontecerá ao surf gaúcho?

Por fim, mais uma vez entristeci-me ao ver o site da FGSurf informando sua mobilização ao Pró-orla do Guaíba. “Eles” devem estar pensando: “O litoral gaúcho é maravilhoso, revitalizado, e sem redes de pesca. Agora vamos ajudar a melhorar o Guaíba”.

Sabem quantas linhas sobre o alerta de redes de pesca perambulando pelo litoral gaúcho após o ciclone estampam o site oficial do surf gaúcho? Adivinhem!

Aloha!
Ki Fornari"

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Memórias póstumas de um surfista

Gostou da foto? Agora imagine uma rede de pesca no caminho...
Foto: Brian Nevins/Monday Morning Wave

Surfistas X redes de pesca

Agora, pela primeira vez, o acidente ocorreu em pleno veraneio. Época de praias lotadas, mar cheio de surfistas e período em que, por lei, não deveríam haver redes na água.

Tenho visto uma movimentação intensa. Tenho recebido inúmeros e-mails sobre o assunto. Autoridades, imprensa e dirigentes estão empenhados. Mas não me empolgo. Já vi este filme antes. Mais duas, três semanas talvez e morre o assunto. Torço para estar enganado, mas esta não é a primeira vez que passo pela mesma função.

Mais surfistas gaúchos morrerão até que o governador do estado resolva encampar o assunto e dar um fim a esta barbaridade.

Recebi hoje à tarde um e-mail com um texto cuja autoria desconheço. O assunto é antigo, mas está neste momento mais vivo do que nunca, por conta de mais uma morte de surfista. Leia e reflita, abaixo:

" Memórias póstumas do Surfista Gaúcho.


Poderia eu, para a melhor compreensão do leitor, comparar este breve relato póstumo ao som de uma sirene - dos bombeiros ou de uma ambulância qualquer - aquele som que nos pega de surpresa, quase que nos despertando de um certo estado letárgico, onde nossos olhos estão normalmente voltados ao nosso próprio umbigo, isto é, as nossas própria preocupações.

Um alerta que devido a sua força, contundência e velocidade com que penetra em nossos ouvidos e, em milésimos de segundos atinge nossa alma, avisando-nos que algo muito mais importante que nossas preocupações cotidianas está a acontecer. Lembrando-nos que algo precisa ser feito urgente.


Me chamava, Surfista Gaúcho, um nome estranho, bem sei, mas por um desejo de meu pai, um dos pioneiros do esporte no RS, foi este meu nome de nascença.
Tal como os nomes que condicionam destinos, mal tomei consciência de mim como pessoa, naquele mundo que deixei pra trás, quando numa noite de festas chegou um cara de roupa vermelha e barbas brancas trazendo dentro de um saco da mesma cor, um tipo de tábua toda colorida, uma corda pra prender na perna e uma espécie de sabonete cheiroso que estranhamente não escorregava...aliás grudava. Não entendia, na verdade, muito bem para o que aquilo serviria, mas pela alegria estampada no rosto de meu pai, percebi que aquela tábua, que ele chamava de prancha, deveria ser algo muito legal!

Já na escola, percebi que outros colegas também queriam surfar. Nossa vontade era incrível, o desejo de fugir para nosso litoral era imenso, e a cada ano que passava aumenta cada vez mais tomando parte, cada vez mais, de nossas vidas. Já não bastavam aqueles três meses de férias que passávamos na praia todo ano. Eu queria mais. Alguns anos depois e a simples possibilidade de ficar em casa e perder as ondas do final de semana, já era suficiente para me deixar arrasado.

Eu amava o mar, aliás, agora com o distanciamento que forçosamente me foi imposto, posso perceber que amava as ondas, amava as trips, a companhia de meus amigos, amava aquela sensação de completa torcida e expectativa para que acontecesse a mais bela de todas as manifestações da natureza, a comunhão da ondulação certa, com o vento certo, no lugar certo. Pois, sabia que quando isso acontecia, eu me tornava a pessoa mais feliz do mundo.


Mas, havia uma rede de pesca no meio do caminho, no meio do caminho havia uma rede de pesca.
Já tinha ouvido inúmeros casos de outros surfistas que desgraçadamente tinham morrido enroscados nas mesmas, devido à falta de informação e segurança. Pudera ter um meio de avisar a todos surfistas que devido às condições ímpares do litoral gaúcho em relação ao Brasil, já que, pelo fato de ser totalmente aberto, isto é, sem barreira naturais de morros ou encostas, acaba sofrendo a influência das fortes correntes laterais.

Assim é preciso que estejam sempre em estado de alerta, pois neste dias apesar de entrarem em locais afastados das redes no mar, inevitavelmente acabam arrastados pela sua força e são levados para outros lugares. Confesso que aquelas histórias das mortes de surfistas nas redes no RS, apesar de inicialmente provocarem um certo temor e indignação, vinham sempre
acompanhadas, talvez, inconscientemente, de um certo sentimento de invencibilidade, acreditava que nunca haveria de acontecer comigo. Como me arrependo disto... Por que não fiz algo para evitar estas mortes? Por que não pressionei as autoridades responsáveis pela fiscalização e segurança para agirem? Poderia quem sabe, ter sugerido alguma providência, como placas de advertência, com as cores obedecendo ao padrão mundial de sinalização, isto é, placa verde: área de surf, amarela área intermediária de atenção e a placa vermelha indicando os locais destinados exclusivamente à pesca. Algo simples, e facilmente entificado por todos, pois até uma criança em seus primeiros anos de vida, logo já sabe o que estas cores representam. Uma providência de baixo custo e que fosse padronizada para todas as praias de nosso litoral - para evitar que houvesse um tipo de identificação diferente para cada balneário.

Poderia também, ter sugerido uma espécie de parceria entre as prefeituras e a iniciativa privada que em troca da visualização de suas marcas na praia, poderia entrar com os recursos necessários para tanto. Estabelecendo, desta forma, uma excelente ação de marketing, onde
estariam aliando suas marcas, a segurança dos surfistas e ao bem mais valioso de todos: A Vida.

Bem, agora estou aqui, olhando tudo de um outro plano, já um pouco conformado com meu destino... mas absolutamente inconformado com o perigo e os riscos que continuam passando os surfistas no RS. A sirene está tocando,
Você não está ouvindo?

P.S. Um abraço a todas as famílias que tiveram a tristeza de perder um ente querido de maneira brutal nas redes de pesca, em nosso litoral."

segunda-feira, 23 de maio de 2005

Pescaria da boa!!!

Muito se fala da pesca de marlins! Tem gente mais corajosa, que gosta de pescar tubarões. E pescar baleias então?

Mas gaúcho macho, grosso e fodão, pesca gente!

Isso mesmo! Aqui no sul, existe a pesca de seres humanos.

Ela existe há muitos anos. É praticada por pintores, zeladores, serventes e moradores das cidades litorâneas onde a pesca com redes é permitida. Daí, uns espertos, para disfarçar e fazer média com ambos os lados (afinal as vítimas também votam) criaram leis obrigando as prefeituras a instalarem placas indicando áreas destinadas à pratica do surfe e outras apenas à pesca com redes.

Pronto! Todo mundo feliz. Os políticos (aproveitadores) fazendo sua média com os eleitores, os surfistas, bobalhões, faceirinhos com a solução e os pescadores (ou seriam predadores) felizes com sua brincadeira liberada.

O pior é que agora, que pescaram mais um - uma na verdade - já estão falando em punir a prefeitura, como fizeram da última vez em que pescaram um guri. Como se a prefeitura tivesse ingerência sobre a força das correntezas, ou pudesse de alguma maneira, evitar que a guria fosse carregada para dentro da rede.

Não se enganem amigos. O problema é muito mais sério. O descaso é muito maior. O frio congela os cérebros dos nossos representantes (os representantes deles e os nossos). E só nos resta esperar pela morte de número 47.

Este ano a temporada de pesca de seres humanos promete! Se no primeiro mar de inverno já fisgaram uma presa, imaginem quantos mais serão fisgados até o final da temporada de pesca...!

Eu fora. Só surfo ao lado da plataforma, onde o surfe é liberado por lei, onde há um canal para se entrar no mar sem ter que furar as ondas, onde os pilares me dão referência e, em último caso, também servem de segurança, para o caso de eu perder minha prancha e estar muito cansado para nadar.

Ah! Ia esquecendo: além de tudo isso, ao lado das plataformas não há redes.

Eu fora ser pescado!