sexta-feira, 22 de julho de 2005

Kelly é Pelé!

Foi na janelinha do bugado WMP que vi o careca lavantar o caneco em cima do Andy.

Não tem pra ninguém! O careca mostrou ao mundo mais uma vez que em matéria de técnica competitiva ninguém chega aos seus pés!

O cara teve a frieza de esperar até o último minuto, precisando de uma nota quase impossível de tirar nas condições que Jeffreys estava oferecendo, deixando inclusive umas duas séries passarem.

Pegou a maior onda da bateria e bateu sem dó na coitada. A maioria dos top 44 faria um "safe surf" para tentar buscar o placar adverso. Mas o Pelé do surfe não. Rasgou, esmerilhou, derrapou e buscou a nota que precisava.

Terminou a onda vencedora, prá lá da visão dos juízes. Tão longe que a câmera desistiu de segui-lo e fiquei apenas com a narração do Perdiga que não terminava nunca...

Kelly mostrou hoje, de uma vez por todas, que os três títulos do bodoso Andy Irons só aconteceram porque ele deu uma relaxada. Deu uma aula ao bobalhão lá do Kauai.

O careca tá cada vez pior!

E mais uma vez pudemos comprovar, como eu já havia afirmado aqui mesmo, que é deles, os carecas, que elas gostam mais. Ele sabia disso e esperou. Escolheu. Correu pro abraço.

O cara é foda!

terça-feira, 19 de julho de 2005

Valentina

Valentina, meu tubo diário.

[Troquei alguns e-mails com meu amigo Maurício e num deles saiu o texto abaixo. Assim, sem pensar muito. Depois, ao reler o que havia escrito, caiu a ficha: nem eu havia percebido o quanto minha escala de valores mudou.]

Não existe sensação igual a de dar um esmagão num serzinho que foi produzido por ti. Sentir o cheirinho dela e te reconhecer nele. Enxergar o teu sorriso em alguém que te mira. Sentir o abraço de alguém que te admira na alma.

Talvez aquele tubo mais profundo que já pegaste chegue perto...mas daí...foram alguns segundos e uma vez só.

Tenho a sensação descrita acima, todos os dias, ao chegar em casa...!

domingo, 10 de julho de 2005

Maestro da Transfiguração

Ainda poderiam estar aqui nesta pequena amostra, a Surfer, a Trip e mais uma dúzia.

Antes de mais nada, o cara é surfista. Eu disse "antes" e realmente quis dizer isto. Antes de se tornar famoso como designer gráfico, David Carson era um malucão do surf. Tenho a impressão que depois ele levou sua maluquice para o mundo gráfico e seus Macintoshes e deixou apenas o soul para o surfe.

David Carson, curtindo a onda em frente de casa, no Caribe | Foto: Aaron Chang

Encontrei o texto que segue, no site da revista Design Gráfico.

Revolucionar. V. t. d. 1. Excitar à revolução; instigar à revolta; sublevar; revoltar. 2. Agitar moralmente; perturbar. 3. Causar notável mudança em; transformar. 4. Pôr em rebuliço; agitar. 5. Insurgir-se; sublevar-se; revoltar-se.
Efeitos desencadeados por todos os sinônimos do verbete acima transformaram literalmente as concepções do design quando David Carson trouxe seu trabalho a público. No fim dos anos 70, quando o designer dividia seu tempo entre a atividade como professor de sociologia e sessões de surf, um workshop de duas semanas o apresentou ao ofício.
Desde então, passaram-se mais de 20 anos, nos quais enfileiraram -se oportunidades de trabalho acompanhadas de muita sorte: o estilo do norte-americano era uma releitura do caótico trazido pelo movimento Merz, que teve como expoentes construtivistas como Schwitters e Lissitsky. A plataforma Macintosh se afirmando como a ferramenta ideal para o design, além do advento do postscript, que acabou com as limitações dos bitmaps e formas digitais e o estilo grunge afirmando-se como forma de expressão musical para uma geração. Tudo conspirava para que o designer estivesse “no lugar certo e na hora certa”, como diz Billy Bacon, da Nu’Des.


Em 1983, idéias fervilhando na cabeça unidas ao objetivo de causar impacto fizeram David Carson optar pela revista “Transworld Skateboarding” para trabalhar como diretor de arte. Em suas páginas, a revista trouxe experimentações em layout e tipografia que quase dissociavam o conteúdo editorial do projeto gráfico, tamanho o caos que reinava nas edições. Matérias poderiam começar na primeira capa, serpentear ao longo de toda a revista, para terminar na quarta capa.
Após a experiência da “Transworld” e de ter participado de outros projetos de menor porte, em 1990 chefiou o desenvolvimento das páginas da revista de comportamento e música “Beach Culture”. Considerada o ápice criativo de Carson, a revista foi extinta em sua sexta edição, recebendo mais de 150 prêmios de design gráfico no mundo inteiro.
O estrondoso sucesso da “Beach Culture” fez com que o designer privilegiasse a não imposição de qualquer tipo de grid, além da liberdade de criação: foi aí que Marvin Scott Jarrel cruzou seu caminho e, juntos, conceberam o que se tornaria a hecatombe do design em escala comercial. A “RayGun” trazia, em seu miolo de conteúdo musical, uma das máximas de Carson na execução de seu trabalho: “A intuição é instrumento da invenção”.
produção aleatória
David Carson conta que, enquanto trabalhava na revista, não imaginava que mudaria as concepções de design gráfico em tão larga escala. “Nunca pensei nisso ou percebi algo do tipo. O processo de criação era tão rápido e me absorvia tanto que eu só pensava em fazê-lo aproveitando o máximo, experimentando, me divertindo”.
Uma das derivações desse ciclo de produção foi uma empresa de fontes para atender à demanda tipográfica das páginas da “RayGun”, a Garage Fonts, que hoje exerce atividades independentes da revista, da qual o designer se desligou em 96.
A essa altura, o californiano já havia adquirido status de estrela no mundo do design gráfico, assim como seus contemporâneos Neville Brody, Rudy Vanderlans etc. Assim, foi naturalmente alçado de porta-voz da cultura underground para o mundo corporativo. Caciques do mundo capitalista como Coca-Cola, Nike, AmEx, Citibank, etc, tiveram reformuladas por ele suas identidades visuais, publicidade impressa e comerciais.
Em seus trabalhos para empresas ou nas páginas de revistas como a porto-riquenha “Surf in Rico” e a brasileira “Trip”, Carson recorre a um mosaico de inspiração que inclui música, grafite, pichações, a vida praiana e suas inúmeras viagens. “Para ser bom designer, no entanto, não é necessário rodar o mundo, mas ter no mínimo variadas experiências de vida”.
A referência ao sortimento de situações pelas quais já passou é marcante em seu trabalho. Além das viagens, que oferecem “o prazer de conhecer novas culturas e de estar em contato com climas propícios à criação” a prática do surf e sua energia são drenadas para seu design. Como auxiliar na composição de idéias, uma câmera digital o acompanha em todos os lugares, onde registra o banal, o curioso, o mórbido, o engraçado. Por vezes, nem entende a razão do clique. “Mas depois, quando vejo uma foto aparentemente mal resolvida e inútil, enxergo soluções para trabalhos muito mais eficazes do que se fossem feitos com uma foto ‘planejada’.

Eu não estava brincando: é na frente da casa dele mesmo! Setembro de 2004
low- tech
Apesar do site viver em metamorfose, Carson não se sente atraído pelo desenvolvimento para a Web. “Acho que, em relação ao design gráfico, o webdesign perde muito de sua força, fica confuso, não segue uma direção muito clara. Além disso, perde-se uma considerável energia no processo, conduzido por softwares mal resolvidos, que coíbem a liberdade de implementar elementos na página, por conta de caixas invisíveis!”, diz, indignado.
No estúdio de Nova York, onde trabalha com outras duas pessoas, o designer assume função multimídia: atende ao telefone, negocia e centraliza as decisões de todas as etapas do projeto. Esses são alguns dos motivos pelos quais Carson justifica sua falta de tempo para se dedicar ao desenvolvimento de projetos para a Internet. O designer lembra que há três anos fez o projeto do site da MGM Studios, mas que o saldo da experiência não foi dos melhores. “Foi frustrante, lento e restritivo. Além disso, defendo o uso de gráficos interativos, vídeo, filmes, que só agora são viáveis, com a vinda de melhores recursos, como a banda larga e streaming”.
Mas essas novidades não parecem muito atrativas. Quando questionado se não tem receio de perder espaço no mercado devido ao crescimento da Internet - onde, segundo ele próprio, tudo está baseado – Carson dá de ombros. “Não vou fazer webdesign porque todos fazem, isso não me dá prazer. Só navego para ver um site específico, e não entendo como as pessoas podem ficar em frente a uma tela procurando por nada! Eu não posso me dar a esse luxo, nem tenho paciência”.

percalços e influência
Um grande opositor de David Carson no design foi Paul Rand, criador do logotipo da IBM, entre outros projetos de notável relevância. Rand, morto em 1996, chegou a cortar relações com um amigo que convidou Carson para uma conferência.
“Para mim, essas provocações nunca fizeram grande diferença. Os contemporâneos de Rand, modernistas, ou seja lá o que for, proclamam o uso de grids e sistemas para obter um design de boa qualidade, uniforme. Para eles, eu sou o cara que jogou tudo isso fora, dizem que meu trabalho não transmite nada. Mas se causou raiva neles, já é um bom começo”, diz, entre risadas. “Fiz o que tive vontade e tenho prazer no que faço, até hoje”.
Alexandre Wollner, um dos cânones do design brasileiro, questiona: “a falsa iniciativa foi de transpor a cultura MTV para o visual gráfico, linguagem discutível inclusive para mídia televisiva. Você pode usar a tipografia como material ilustrativo e esculhambá-lo, mas se não serve para ler, então para que serve?”
Por outro lado, Billy Bacon, designer brasileiro declaradamente influenciado pela forma não convencional de se comunicar, não vê problemas no modus operandi trazido nos anos 80 por Carson: “Quem trabalha com design, estuda e pesquisa, deve utilizar qualquer estilo para ser mais eficiente na transmissão de idéias”. Sobre a legibilidade, Billy é ainda mais veemente: “Para mim, é um assunto ultrapassado. O design é uma manifestação de comunicação que vive evoluindo e se transformando. Na época, a ilegibilidade não destruia apenas um conceito de design. Seu poder era e é bem maior que isso. Questionar a legibilidade é questionar o sistema como um todo. Só não vê quem não quer”.
Para Cecília Consolo, que organizou as apresentações internacionais na Bienal de Design Gráfico, o momento é de reflexão. “Considerar novas possibilidades e linguagens é essencial para que o trabalho não fique estagnado. Carson é uma figura emblemática do design, quer gostemos do trabalho dele ou não. Ele rompeu com o processo suíço, trazendo uma nova forma de pensar para o design e isso é inquestionável”.
Uma questão com a qual Cecília trabalha há anos com seus alunos na faculdade e que Wollner apresenta em seu discurso é sobre a “californificação” do design, considerada pelos mais ortodoxos como uma moda passageira, de valores efêmeros e que representa risco para a produção brasileira.
O designer-surfista acha difícil que aconteça um segundo “boom” no design, como o que ele mesmo detonou, há vinte anos. Atribui à globalização e o surgimento de novas mídias uma quase impossibilidade de não repetir o que já foi feito no meio impresso. É esse o tema de um dos seus livros, “The End of Print”, cujo título foi tirado de uma conversa com Neville Brody, que comentou: “O que poderia ser feito com a impressão nós já fizemos de todas as formas. É hora de migrar para outra mídia, o que mais podemos fazer?”.
Tudo leva a crer que o mundo precisa de mais manifestações regionais (e originais) de design. Não significa que o impacto de páginas como as da “Beach Culture” ou da “RayGun” deva ser exorcizado das fontes de inspiração: a criação, mais do que nunca, tende a ser orientada por citações como a de que “não é possível ser neutro” –essa é apenas uma das frases de Marshall McLuhan, contidas no próximo livro de Carson, “The Book of Probes”. Inspire-se.

Mães Más

Normalmente só escrevo e publico neste espaço, assuntos relacionados com o surfe. Na verdade nunca prometi isto. Nem pra você que me lê agora e muito menos para mim. Sendo assim, me sinto totalmente à vontade para trazer aqui um assunto novo, totalmente fora do normal neste blog.

Ocorre que sempre fui muito ligado à família e atualmente sou o "chefe" de uma. Por isso volta e meia me pego avaliando minha "performance". Faço comparações entre o que vivencio agora e aquilo que vivi ou li. Tento comparar se estou acertando com a minha filha as coisas que considerei certas na educação que recebi dos meus pais. Tento evitar com minha esposa, aquilo que julgo ser errado. Na verdade nossos pais nos ofereceram o primeiro "manual para a vida". Depois deles, vieram os livros, a escola, os amigos, a sociedade e por aí vai.

Em nossa casa, minhas irmãs e eu brincávamos chamando nossa mãe de "Cuca", numa alusão à personagem do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato - e não da Globo, como o leitor menos informado poderia pensar. "A Cuca vai pegar", brincávamos. E é verdade. A "dona" Lia, além de braba, era linha dura. Comeu, não leu, páu comeu! Apanhei muito.

Há alguns anos ela nos deixou. Faleceu vítima de um câncer que surgiu do nada, de uma hora para outra e, em dois anos consumiu-a.

Mas apesar da fama de Cuca, o que ficaram foram lembranças lindas. Lembranças de uma pessoa que foi incansável no trabalho de educar os filhos e de administrar a família. Se meu pai foi o responsável a vida inteira pelo sustento e também por ser uma espécie de "porto seguro" para minha mãe, é certo que ela, foi a principal responsável por ter criado 4 filhos do jeito que quero criar minha filha: preparando-nos para sermos cidadãos especiais, educados, honrados e principalmente, civilizados.

O texto que segue, tem tudo a ver com o que estou falando. Li este texto enxergando a dona Lia. E porque hoje sei que tudo o que ela fez por nós foi corretíssimo, quero dividir o que está escrito nele, com vocês.

Leiam e acreditem: é o segredo da boa criação. Como dizia minha mãe: educar dá muito trabalho, mas recompensa.

Mães Más
(Dr. Carlos Hecktheuer, Médico Psiquiatra)

Um dia quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães, eu hei de dizer-lhes:

Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.
Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.
Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram do supermercado ou revistas do jornaleiro, e os fazer dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queríamos pagar”.
Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé, junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.
Eu os amei o suficiente para os deixar ver além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.
Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes não, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em alguns momentos até odiaram).
Essas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci...Porque no final vocês venceram também! E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães; quando eles lhes perguntarem se sua mãe era má, meus filhos vão lhes dizer:

Sim, nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo...

As outras crianças comiam doces no café e nós só tinhamos que comer cereais, ovos, torradas.
As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvetes no almoço e nós tinhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas.
Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles.
Insistia que lhe disséssemos com quem iamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos.
Ela insistia sempre conosco para que lhe disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade.
E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata!
Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos; tinham que subir, bater à porta, para ela os conhecer.
Enquanto todos podiam voltar tarde tarde da noite com 12 anos, tivemos que esperar pelos menos 16 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata levantava para saber se a festa foi boa (só para ver como estávamos ao voltar).
Por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência.
Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime.

Foi tudo por causa dela!

Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos fazendo o melhor para sermos “pais maus”, como minha mãe foi.

Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: Não há suficientes mães más!

Aquelas que já são mães, que não se culpem, e aquelas que serão, que isso sirva de alerta!

quarta-feira, 6 de julho de 2005

O múmia ataca!

O culpado é o meu amigo Torrano. Pegou uma foto minha, em Puerto Escondido, México, em 2001 e fez esta "arte".

Arte sobre foto: Torrano | Wavetoon

Enquanto isto...

Ilustração: Torrano | Wavetoon

Enquanto na costa gaúcha o mar castiga, no mundo dos desenhos, ou Wavetoon caso prefiram, o swell entra limpinho, sem corrente e sem redes de pesca...