Fred D'Orey, colocando-se num lugar à prova de assaltos. Foto: Site da Totem
A quantidade de lixo que recebemos por e-mail tem aumentado de maneira assustadora. Por mais que os filtros tentem bloquear a entrada destas mensagens indesejadas, uma boa parte delas acaba chegando. Fico tentado a apagar tudo de uma vez só, mas daí, lá no meio de um punhado de mensagens classificadas como "spam" eu encontro uma "pérola" destas:
Depoimento de Fred D'Orey (dono da Confecção
Totem e colunista da revista
Fluir):
"Ontem à noite meu carro foi interceptado na Linha Vermelha por um outro veículo com dois caras armados com fuzis. Sem resistir, enquanto os motoristas atrás de mim davam ré, apavorados, entreguei o carro com tudo dentro - pranchas de surfe no rack, bagagem, $, câmeras, documentos e muitos etcs.
É que eu acabava de chegar de uma viagem de duas semanas na Libéria, na África. Vinha do Galeão. 8:30 da noite. O moleque não tinha mais do que 15 anos e parecia ligado, tremendo. Minha vida podia ter terminado ali. Muitas terminam, a gente lê isso todo dia nos jornais e acha que nunca vai acontecer conosco. Só que o cerco está se fechando.
Quando cheguei à patrulha, na verdade um gol caindo aos pedaços, estacionada a uns 300 metros do incidente, os dois policiais foram da maior educação. E educadamente me explicaram que viram o carro descendo o viaduto mas que não poderiam sair do local.
Disseram que não passam de fantoches (foi essa a palavra que usaram).
Explicaram que os equipamentos não funcionam. E que suas armas são infinitamente inferiores às dos bandidos. Enquanto esperava uma patrulha que deveria me levar até a delegacia para dar queixa, e que nunca chegou, ouvi pelo rádio o anúncio de mais três outros roubos de carros na mesma Linha Vermelha. Os dois acabaram confessando que são mais de 80 veículos roubados todos os dias naquela área. 80, todos os dias.
Não tenho raiva daquele adolescente. Nem fico indignado com os policiais. Ambos são vítimas dessa grande tragédia chamada Brasil. Um país rico e que poderia ser tudo, mas que caminha a passos largos para o abismo. Tenho é muito nojo desses políticos safados que saqueiam o meu Brasil. Que roubam merenda, que roubam ambulância, que roubam sangue, que roubam educação, que roubam saúde, e que roubam segurança. Esses caras estão acabando com o Brasil. Canalhas!
E nós, que trabalhamos e produzimos riqueza e pagamos impostos, estamos condenados a sustentar esses cretinos nas suas contínuas e ridículas reeleições para que continuem a nos roubar ainda mais. Como fazer pra acabar com esse ciclo vicioso de destruição de uma nação? Eu não sei, só sei que tem que acabar.
O Brasil não precisa de fome zero, essa campanha populista de um presidente ignorante e mal intencionado como Lula. O Brasil precisa é de CORRUPÇÃO ZERO. Essa é a única saída.
Se os americanos tinham na Guerra do Vietnã algo por que lutar, os brasileiros têm a luta contra a corrupção. Nós brasileiros tínhamos que deixar de ser frouxos e partir pra cima desses canalhas ladrões - todos eles, do município, do estado, de Brasília - e exigir que trabalhem, que sejam competentes e transparentes. A sociedade tinha que se unir.
Os empresários tinham que se unir. E, se não funcionar a pressão, iniciar uma outra campanha, IMPOSTOS ZERO. Chega de pagar suados tributos para o dinheiro sumir no ralo da corrupção e da incompetência. E para pagar salário de funcionário público incompetente e parasita.
Mas eu não sei como organizar nada disso. Enquanto batalho 12 horas por dia para pagar as contas e fazer meu negócio crescer honestamente, esses vermes montam esquemas para me roubar sem parar. Eles são um câncer. O cerco está se fechando. Tenho medo do que vem por aí. Vocês não?".
(Texto publicado com a atorização do Fred)