Ilustração: “Farra da Bóia” Torrano / Wavetoon
Tenho uma mania desde guri, de ler e folhear revistas velhas, principalmente as que mais gosto (minha coleção de publicações de surf) e releio atentamente matérias antigas que não lembrava mais. Ou lembrava e as vejo (e interpreto) por um novo ângulo.
Pois numa manhã dessas com um belo sol e ondas péssimas o Giovanni me pediu para relatar as evoluções que tivemos com a recente mobilização em busca de um fim para as mortes de surfistas em redes no nosso litoral (já são 45 pelas contas do governo, mas tem gente envolvida na causa que afirma serem 50) e com a formação do movimento União pelo Surf (numa inédita reunião de vários segmentos do mercado, divulgada "a rodo" nos sites de surf locais).
Mas e a mania? É que eu estava folheando a revista “Na Real” (a edição de Tramandaí - pena que ficou só nessas, espero que o Rafa esteja com algo no forno) e logo na primeira página está a matéria comparando as opiniões do presidente da FGS com as da Comissão Surf Seguro.
Domingo passado, dia 17 de junho, houve um debate no Cult Bar e, pelo que foi debatido lá, as posições permanecem iguais, mas conseguimos evoluir (nós, que surfamos abaixo do Mampituba): Agora a comissão tomou forma de movimento, juntaram-se empresas, mídia, movimentos e instituições com o propósito de (mais uma vez e não vou cansar de repetir) acabar com as mortes de surfistas presos em redes.
O movimento é administrado por um grupo de pessoas muito gabaritadas (gente com “pedigri”, tanto profissionais do meio como outros simples amadores do esporte) e determinadas, também cheias de boas intenções. Tem gente ali com mais de uma dúzia de anos na luta pela causa.
Mas e a mania? Pois é. Me paro diante do mesmo fato uns anos depois (não sei exatamente de quando é a revista) e vejo que nas outras vezes os avanços foram mínimos, o movimento esfriou e puff! Sumiu, perdeu-se na rotina dos dias. Mas desta vez não. Já avançamos alguns passos: conseguimos uma audiência pública na Câmara de Deputados, o apoio de alguns deputados envolvidos com esportes, tivemos a promessa do governador em fazer um decreto que muito nos ajudaria (mas o sujeito puxou o bico na última hora - "e os votos dos pescadores", pensou o dito cujo), mas o maior avanço que vejo é justamente a união que criou-se, o movimento com orçamento e campanha para captação de recursos etc...coisa organizada, bonito de ver.
Só que estamos recém no meio da peleia e, como diz a música, “não podemo e não vamo se entrega pros homi de jeito nenhum”. Para isso não podemos deixar passar essa oportunidade, essa união e esses pequenos mas importantes avanços em 2005.
Mas e a mania? Pois é, então imagina daqui uns dois anos mais, pegar essas publicações de hoje e já tendo esquecido esses infelizes fatos, ficarmos perplexos de recordar que em 2005 ainda se pescava gente na costa pampeana. Que absurdo!!!!!
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