terça-feira, 21 de agosto de 2007

TAM e Placa de Nazca

A manchete da notícia do saite do Estadão diz assim:
"Chega ao Peru a maior ajuda internacional já feita pelo Brasil."
Sei. Agora eles foram rápidos, não? Foto: Estadão


Recebi do amigo de um amigo, este texto. Para mim, está claro e objetivo além de conseguir transmitir um pouco da indignação que todos nós estamos sentindo com o descaso das autoridades brasileiras com a baderna instalada no setor dos transportes aéreos.

Segue o texto, de autoria do Renan de Castro Alves Pinto:

"Como na maioria dos casos, as grandes tragédias representam um momento de união entre as pessoas. Em meio ao caos e aos piores sentimentos de desespero e perda, as pessoas são capazes de ignorar as diferenças e barreiras, unindo-se com o único objetivo de salvar vidas e transmitir solidariedade. Neste momento, negros, brancos, católicos, protestante, gays, brasileiros, argentinos, gremistas, colorados, esquecem qualquer tipo de característica social ou antropológica que sempre diferenciou essas pessoas. Não obstante, existe um tipo de pessoa que pode reagir de uma forma totalmente particular de acordo com os seus interesses. São os filhos de um contêiner cheio de prostitutas conhecidos como políticos.

No último mês, vivi duas situações semelhantes nas quais os políticos se comportaram de forma totalmente diferente, corroborando com o que declaro acima.


A tragédia do vôo JJ 3054 me tocou de forma pessoal não somente pela presença de conhecidos, mas também pela proximidade do fato. Assim sendo, a reação dos nossos políticos me causou asco e me fez lembrar "dos meus instintos mais primitivos". Analisando a seqüência dos acontecimentos tenho absoluta certeza de que todos compartilharão dos meus sentimentos. Após a queda do Airbus no edifício da TAM Express, a informação mais oficial que tínhamos eram as irresponsáveis, eloqüentes e sensacionalistas declarações do José Luis Datena, repórter da rede Bandeirantes. Nada de Infraero, ANAC, Polícia Federal, etc. As primeiras autoridades que chegaram ao local da tragédia, foram o governador do estado de São Paulo, José Serra, e o prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab. A sociedade esperava ansiosamente por notícias. No aeroporto Salgado Filho, nossos conterrâneos nem sequer tinham acesso à lista de passageiros, gerando uma agonia mortal em todos. E a todo momento eu me perguntava onde estava uma pessoa: Luiz Inácio Lula da Silva - o presidente torneiro-mecânico que, segundo ele mesmo, sempre se sensibilizou com questões sociais. Ora, estávamos enfrentando uma tragédia social. Mas ele não se sensibilizou. Nesse ínterim, eu vi a careca do Marco Antonio Bologna, as risadas do VP de planejamento da TAM, a bizarra condecoração do Zuanazzi, o "top top" de Marco Aurélio Garcia e o "fode fode" de seu assessor, a feiúra do Brigadeiro Kersul, e nada do nosso excelentíssimo Presidente da República. Ou seja, tínhamos três situações: o desespero e a tristeza das famílias, os protagonistas da crise aérea procurando um culpado e o excelentíssimo Presidente da República. Onde estaria esse cretino? Fiquei sabendo que ele tinha acabado de passar por uma intervenção cirúrgica e portanto não podia aparecer. Ele tinha tirado um tersol! Realmente, algo muito sério. Algo tão sério que impediu qualquer tipo de pronunciamento por parte do nosso excelentíssimo Presidente da República. Deve ser muito sério para um presidente torneiro-mecânico que é mais vaidoso que a Vera Loyola.


Na noite de ontem, 160Km a sudoeste de Lima, Peru, onde vivo, houve um terremoto de 7.5 graus (na escala Richter) de magnitude. Eu estava parado no trânsito, mas a sensação foi desesperadora. Por um momento, acreditei que o chão se abriria. Juntamente com toda a população de Lima, segui o meu caminho para casa. Estava escutando a rádio de maior alcance no Peru. A cobertura era imediata em todo o país. Logo depois de 30 minutos passada a tragédia, ainda não se tinha a mínima idéia da dimensão e das perdas ocasionadas. No entanto, viu-se uma mobilização invejável da sociedade. Mas como já disse: nesse momento o gay e o macho são a mesma pessoa. Me chamou muito a atenção a atuação dos políticos locais. No minuto 30, o ministro da saúde determina que todos os médicos do país fiquem de plantão para qualquer emergência. Hoje pela manha, a maior parte dos assessores do poder executivo estava no epicentro do terremoto: a devastada cidade de Pisco. O presidente Alan García enfrenta um péssimo momento de popularidade, no entanto há umas duas horas escutei que ele estava ajudando a retirar os escombros de uma igreja que desabou. Os protestos estão em voga no país, mas o presidente cumpre o seu papel de líder do país.


Qual a diferença entre a TAM e Placa de Nazca? A resposta está em quem conduz o seu país num momento de desespero. O nosso excelentíssimo Presidente da República não soube fazer isso. Ele se escondeu. Ele pagou pau. Ele é um bosta!
Por favor, não me julguem quando digo que não sou patriota."

Por Renan de Castro Alves Pinto

2 comentários:

Anônimo disse...

PEDRADA NESSES AÍ TAMBÉM!
Muito bom o artigo, parabéns ao Renan de Castro.
Falou, Giovanni!
Gustavo

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.