Medina é "o cara" no Tahiti? Texto por Renato Sachs / Foto: WSL
WSL - FCS2 - Hierarquia, Legado, Futebol Brasileiro e Surf competição são palavras que estão martelando na minha cabeça desde a Copa da Rússia. Fico pensando como os Americanos (o início do esporte tem 2 teorias: começou no Hawaii ou Peru) ou Australianos, que começaram a expandir o formato de competição e indústria de surfwear mundo afora, estão protegendo a "sua cultura" dos brasileiros?
O Brasil do futebol também teve que ultrapassar barreiras entre os anos 20 e 50, pois o esporte era dominado por ingleses e países do leste europeu. A partir de 1958 nós conhecemos bem a história, fomos vitoriosos dentro e fora de campo. Somos umas das 5 maiores potenciais do esporte.
No Surf, esporte como competição, também foram necessárias algumas décadas para forjarmos os nossos atuais campeões, é impressionante que não precisamos dos veículos de comunicação externos para chancelarmos nossa liderança. O melhor surfista deles (Dane Reynolds) precisa juntar 9 meses de gravações para fazer um clip de de 5 min para ser regojizado pelos sites mundo afora; coloca uma câmera ligada 5 minutos em alguma praia do Nordeste Brasileiro e espera o Show, tu teras uma novela de tantos momentos.... Nós temos 2 canais de TV exclusivos (Woohoo e Off) e ainda a ESPN nos brindando em full HD com o WCT. Algum país tem este currículo? As decisões continuam sendo tomadas por australianos ou americanos, os quais nunca pensaram ou conseguiram globalizar o esporte, a não ser pela inteligência de um camarada Argentino, que com muita dedicação colocou o nosso esporte nas Olimpíadas (se precisamos dela é outra conversa). Não seria hora de termos alguém competente vindo do Brasil para tomar as decisões do futuro do esporte? A WSL não pode pensar o Surf como um esporte local americano e se fechar para o resto do mundo, precisa sim abrir os olhos para exemplos como o das Seleções de Futebol menos privilegiadas, que buscam atletas de alta performance e acabam nacionalizando-os em busca de vitórias e intercâmbio para evolução do esporte.
As marcas de surfwear estão sendo deixadas de lado, vide a etapa do Tahiti que não tinha patrocinador Master, a WSL já deveria saber fazia alguns bons meses e mesmo assim não conseguiu vender a cota. Falta de força de vontade não deve ser, mas o comodismo de anos na segurança das marcas criaram uma dependência enorme. Acredito que a WSL nos enxerga como passageiros e podam a nossa potência executiva, eles precisam entender que uma das evoluções do esporte chegou pelos mares do Atlântico sul.
A competição na Polinésia colocou os nossos heróis em patamares mortais, a previsão não ajudou, mas a competição tem que acontecer e o calendário seguir...Continuo achando que o melhor formato de evento é o BWWT.
Round 1, Jordy Smith definitivamente precisa aprender a pegar esquerda, alguém critica ele como criticam o Toledo? Não, por que? também não sei...Ítalo parece que estava surfando outro mar, bons tubos e ondas longas, GM e Toledo (4 fins) fizeram o dever de casa, precisamos definitivamente de um point break para esquerda no início da temporada, estamos em agosto e somente agora podemos ver a violência, força e precisão do Gabriel, fora leitura de onda. Toledo sabe surfar ondas perfeitas como poucos, e a elegância é fora do padrão. Mineiro e sua técnica majestosa de entubar.
Round 2, as condições do mar me pareceram melhores, Julian caiu precocemente precisando de
uma nota 1.84, um absurdo ele não ter um técnico brasileiro, inadmissível não ter alguém berrando no canal ou puxando a suas orelhas no pós bateria. Ian sangrando para passar, Colapinto admitindo que precisa treinar mais no local, Owen sendo Owen, força, flexibilidade e borda são seus aliados, a troca de equipamento lhe trouxe confiança, Rodrigues muito confortável e sabendo o que fazer, se não tem tubo vamos pro pau, em alto e bom tom, Jeremy na melhor entrevista resumiu o sentimento da nação: estamos no paraíso, não está 6´a 10´, mas estamos no paraíso, vou aproveitar!!! E olha que o camarada das Ilhas Reunião tem pedigree violentíssimo de tube rider. Jesse muito consciente e seguro passou a sua, Yago imitando GM, só que colocou o seu tempero no final caminhando sobre as águas.
Rounds 3 e 4 foram os mais difíceis de se competir, muita coisa em jogo e somente 1 onda boa por bateria, a sorte teria que andar colada no melhor estrategista e leitor de onda, coisa que o GM sabe fazer como poucos, a leitura da corrente contrária é absurda, ele não lê a onda pelo tamanho e sim pela corrente....os líderes e candidatos ao título da etapa foram seguros em suas escolhas, Ítalo sofreu um pouco, mas passou.
Finais, acredito que Toledo poderia estar de 3 fin, assim o pivô teria facilitado a verticalidade da prancha, Jeremy é um cara muito competente em ondas de reef e quanto a final para o Gabriel foi o inverso do ano passado, onde o Julian conseguiu 2 excelentes ondas no final da bateria, desta vez a onda vencedora apareceu no último minuto, onde no pós tubo o cara não conseguiu segurar a emoção e quase perde o resto da onda, eu disse quase, porque o equilíbrio e precisão que estes caras tem são dons da elite, esta onda acabou coroando o bi-campeão da etapa e camaradagem entre os finalistas.
Finalizando os assunto sobre legado, Felipe Pomar, Peruano Campeão Mundial em 1965, o feito inédito foi aproveitado pelos peruanos?