É isso ai. Andei afirmando aqui anteriormente que gaúcho macho e fodão, pescava gente, mais precisamente surfistas.
Só que normalmente esta prática era reservada aos meses de inverno, quando os únicos frequentadores das ondas somos nós.
Durante o verão, quando ao nosso grupo misturam-se "carregadores de prancha" é até provalecimento.
Hoje, dia 29 de dezembro, por volta do meio dia, um dos nossos (surfista experiente), de 38 anos de idade, morreu surfando em frente à filha, preso a um cabo de rede na praia de Mariluz.
Esta estória ainda vai dar pano pra manga. Mas tudo que sei até agora, escrevi acima. Caso alguma novidade que valha à pena apareça eu volto a tocar no assunto. [Não esperem por comentários sobre manifestações e protestos ou coisas do gênero].
quinta-feira, 29 de dezembro de 2005
quarta-feira, 21 de dezembro de 2005
Dá-lhe Igor!
O guri se tocou pro Havaí sem planos de voltar. Levou mala, cuia e namorada. Fez a vida por lá e mandou buscar o outro Lummertz que estava causando estragos nos campeonatos locais - os poucos que ainda rolavam. Agora já são dois Lummertz nas ilhas: Igor e Jairo. E sei que acabaram de mandar buscar o Maicon Nunes. Provavelmente vão continuar montando seu exército silenciosamente. Um dia, a exemplo do que fizeram no RS, vão tomar o North Shore pra eles.
Volta e meia vejo e leio notícias dos dois. Estão levando a vida que sonharam. Trabalham bastante para poder viver no paraíso, mas assim, à distância, parece-me que estão felizes. Dê uma olhada no site dos guris clicando aqui. Vale à pena.
terça-feira, 20 de dezembro de 2005
sábado, 17 de dezembro de 2005
O bodoso ganhou!
Acabei de acompanhar, numa conexão pra lá de ruim, a final do Pipe Masters 2005. Infelizmente o bodosinho ganhou tudo: o campeonato e a Triple Crown.
Não sei o que houve na bateria do careca. Com esta conexão tartaruga, falhando mais do que Gol motor duplo carburado, não tive paciência de acompanhar tudo (e estou sem TV aqui na praia). Mas tenho certeza que ele encontrou na areia aquilo que não achou na água. Aliás, como eu dizia, as brasileiras adoram o careca...
É isso aí: torci contra, mas há que se respeitar a competência deste cara em Pipe. Além disso, ele tem mostrado que é um "homem com uma missão". Ainda vai ganhar muita coisa antes que surja um novo herói para nos alegrar. Poderia ser o Mineirinho? Eu adoraria. Mas ele vai ter que aprender a usar mais as bordas (e as pernas) e ciscar menos. Mas ele tem tempo para aprender. E está no local certo para isto. Apenas tem que aceitar a condição de aluno, respeitando mais os mestres. Mas ele é guri. Ele aprende.
Não sei o que houve na bateria do careca. Com esta conexão tartaruga, falhando mais do que Gol motor duplo carburado, não tive paciência de acompanhar tudo (e estou sem TV aqui na praia). Mas tenho certeza que ele encontrou na areia aquilo que não achou na água. Aliás, como eu dizia, as brasileiras adoram o careca...
É isso aí: torci contra, mas há que se respeitar a competência deste cara em Pipe. Além disso, ele tem mostrado que é um "homem com uma missão". Ainda vai ganhar muita coisa antes que surja um novo herói para nos alegrar. Poderia ser o Mineirinho? Eu adoraria. Mas ele vai ter que aprender a usar mais as bordas (e as pernas) e ciscar menos. Mas ele tem tempo para aprender. E está no local certo para isto. Apenas tem que aceitar a condição de aluno, respeitando mais os mestres. Mas ele é guri. Ele aprende.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2005
quarta-feira, 14 de dezembro de 2005
Clark Foam - Parte V
Venho afirmando, desde que a Clark Foam fechou, que tenho certeza que o mercado vai absorver muito bem e que havia um ponto muito positivo nisto tudo: com o fim do monopólio, novas fábricas surgiriam e algumas já existentes, cresceriam da noite para o dia.
Me neguei a acreditar que faltaria bloco no mercado e ainda reluto contra a idéia (desesperada) de simplesmente aumentar o preço das pranchas (e dos blocos). Isto seria uma atitude errada, de quem simplesmente quer se aproveitar da situação.
Mas é óbvio que esta é a minha opinião. De quem vive o dia-a-dia do mercado do surfe através da internet. Não tenho autoridade para dar a opinião de quem está na fábrica ou na loja. Portanto posso estar redondamente equivocado em tudo o que afirmo.
Mas acabo de ler uma matéria no site da Surfer, que começa a confirmar que estou certo. Leia aqui e veja se você também concorda.
Me neguei a acreditar que faltaria bloco no mercado e ainda reluto contra a idéia (desesperada) de simplesmente aumentar o preço das pranchas (e dos blocos). Isto seria uma atitude errada, de quem simplesmente quer se aproveitar da situação.
Mas é óbvio que esta é a minha opinião. De quem vive o dia-a-dia do mercado do surfe através da internet. Não tenho autoridade para dar a opinião de quem está na fábrica ou na loja. Portanto posso estar redondamente equivocado em tudo o que afirmo.
Mas acabo de ler uma matéria no site da Surfer, que começa a confirmar que estou certo. Leia aqui e veja se você também concorda.
terça-feira, 13 de dezembro de 2005
Imagens
Estou de bem com a vida neste exato instante. O trabalho está em dia e daqui há pouco estou saindo do escritório. Sendo assim, divido com vocês algumas imagens bem sugestivas:
Rincon na Califórnia. Tem gente que nem imagina, mas aqui, pertinho de nós, principalmente os gaúchos, tem La Moza, no Uruguai, que nos dias bons, só perde no quesito distância percorrida, mas ganha em dois muito importantes: é menos crowd e muito mais constante.
Pavones. Esquerdas longas e mornas. Que Mentawai o que! Logo ali na América Central...
Pôr do sol na Costa Rica. Mas podia ser em qualquer lugar do mundo. Aliás, podia ser o nascer do sol em qualquer lugar do Brasil. E o feeling é sempre o mesmo. Só muda o estado físico de quem contempla: no amanhecer estamos com as baterias cheias de energia e, no final de tarde, elas já estão a meio pau.
Rincon na Califórnia. Tem gente que nem imagina, mas aqui, pertinho de nós, principalmente os gaúchos, tem La Moza, no Uruguai, que nos dias bons, só perde no quesito distância percorrida, mas ganha em dois muito importantes: é menos crowd e muito mais constante.
Pavones. Esquerdas longas e mornas. Que Mentawai o que! Logo ali na América Central...
Pôr do sol na Costa Rica. Mas podia ser em qualquer lugar do mundo. Aliás, podia ser o nascer do sol em qualquer lugar do Brasil. E o feeling é sempre o mesmo. Só muda o estado físico de quem contempla: no amanhecer estamos com as baterias cheias de energia e, no final de tarde, elas já estão a meio pau.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2005
Clark Foam - Parte IV
Muito tem se falado a respeito da notícia que sacudiu o mercado mundial de surfe na semana passada.
Um amigo shaper, comentou que na quinta-feira, dia 8, o telefone da Bennett Foam já nem atendia mais. Espaculava-se que a exportação já havia começado. Queixava-se para mim, que a falta de blocos durante o verão que havia acontecido há alguns anos estava para se repetir. Também confirmou o que cada vez mais deixa de ser um boato: o preço das pranchas vai subir.
Aproveitei esta loucura toda e liguei para um amigo que trabalha com exportação e dei a dica: "Alemão, corre na frente porque os gringos devem estar loucos atrás de blocos!". Não sei no que deu, mas sei que ele já estava fazendo bons contatos - aqui e lá. Depois me manda a comissão, Alemão!
De qualquer maneira, tenho algumas convicções sobre o assunto:
1. Não é saudável para nenhum mercado que exista monopólio. A Clark era dona de 90% do mercado mundial. Isto significa que quem determinava o preço das pranchas era ela. Como existem outras fábricas - duas no Brasil - é claro que o fornecimento de blocos ainda existe;
2. Conto nos dedos quantos meses levará até que alguém - e arrisco que será um japonês - comprará a tecnologia de Gordon Clark, inclusive contratando-o como consultor. Esta conta deve estar barata, uma vez que o cara está devendo até as cuecas (segundo ele mesmo afirma);
3. Com a falta de poliuretano, chegou a hora de se buscar e investir de verdade em materiais alternativos. Epoxi talvez seja a resposta mais óbvia. Dêem uma olhada neste site;
4. Se um japonês não comprar a Clark, o próprio Gordon levará a fábrica para algum outro estado norte americano que não tenha as mesmas - e rigorosas - leis hambientais da Califórnia.
No entanto, tudo o que escrevi acima (e mais o que o mercado tem especulado) não vale nada, se levarmos a sério a afirmação de Tina Cherry para a Transworld Surf, porta-voz da entidade supostamente responsável por inviabilizar o negócio da Clark:
Tirem suas conclusões sobre o que está acontecendo - se conseguirem - e tentem adivinhar o futuro.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2005
Clark Foam - Parte III
Gordon "Grubby" Clark, patriarca da indústria do surfe, enviou um fax com o título "Ceasing production and sales of surfboard blanks" à inúmeros fabricantes de pranchas, explicando sua decisão em fechar as portas.
Leia este fax no site Surfline.
Leia este fax no site Surfline.
Clark Foam - Parte II
Há um texto muito bacana no blog português Ondas, sobre o fechamento da Clark Foam. Para ler, clique aqui.
terça-feira, 6 de dezembro de 2005
Astral
Na foto não há legenda, mas aposto que é Black´s Beach. Foto: Aaron Chang
Observe o tamanho do mar: há um pontinho preto na esquerda. Aquilo é um surfista...
Observe o tamanho do mar: há um pontinho preto na esquerda. Aquilo é um surfista...
Cada surfista reage à sua maneira quando chega à praia e vê um visual destes. Eu, particularmente, saio atropelando tudo e todos. Corro um sério risco de esquecer da parafina, vestir a roupa de borracha do avesso (e no processo arrebentar o ziper) e até esquecer de amarrar a cordinha no tornozelo.
Na verdade, o tempo que leva para chegar até o outside e pegar a primeira onda, parece uma eternidade. E você?
A foto acima é da revista Surfshot, do amigo Felipe Poli que se instalou em San Diego e montou a Surfshot Media que, além da revista, tem um site - ambos direcionados à comunidade surfística da região. Vale uma visita.
Marcadores:
Blacks,
Felipe Poli,
Revistas,
San Diego,
Surfshot
Bomba! Clark Foam fecha.
Segunda-feira passada, dia 5 de dezembro, foi um dia negro para as salas de shape e surf shops americanas (e ao redor do mundo). A Clark Foam - maior fornecedora de blocos de poliuretano do mundo - fechou suas portas, depois de mais de 45 anos no negócio, devido a uma série de problemas ligados à questões ambientais.
Leia o resto da história no site Surfline.
Leia o resto da história no site Surfline.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2005
Ônibus da alegria!
Minhas lembranças mais remotas das férias , são aquelas ligadas aos longos veraneios na praia. Íamos com minha mãe em dezembro para o Imbé e só voltávamos para Porto Alegre em março. Lembro de detalhes pitorescos, coisas que não vemos mais, como os vendedores ambulantes de puxa-puxas, revistas e até de brinquedos.
A sorveteria ambulante, com certeza será uma destas lembranças para a Valentina. É uma diversão cada vez que o ônibus se aproxima de casa. Começa uma gritaria que só termina quando estamos, cada um de nós, adultos e crianças, com seu sorvetinho na mão.
Some a isto o potão de marshmellow e gemada que a tia Lica prepara para incrementarmos a lambuseira e o quadro está completo....
A sorveteria ambulante, com certeza será uma destas lembranças para a Valentina. É uma diversão cada vez que o ônibus se aproxima de casa. Começa uma gritaria que só termina quando estamos, cada um de nós, adultos e crianças, com seu sorvetinho na mão.
Some a isto o potão de marshmellow e gemada que a tia Lica prepara para incrementarmos a lambuseira e o quadro está completo....
sexta-feira, 2 de dezembro de 2005
Empastelando o paraíso
Outro dia, aqui mesmo neste espaço, estava sonhando acordado, comentando sobre a viagem às Mentawai feita por um grupo de amigos. Terminava o texto afirmando que "Um dia vou lá. Pode crer. Minha hora vai chegar."
O problema é que meus sonhos de consumo vão se estragando antes que eu consiga chegar até eles...
Primeiro foi Uluwatu e Bali, em geral. E agora isto. Não que eu não goste de uma infra. Longe de mim. Mas algo me diz que por trás desta estrutura que estão montando, há um pouco de destruição.
Matéria prima
Por João Ubaldo Ribeiro
A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique. Agora dizemos que Lula não serve. E o que vier depois de Lula também não servirá para nada. Por isso estou começando a suspeitar que o problema não está no ladrão corrupto que foi Collor, ou na farsa que é o Lula. O problema está em nós. Nós como POVO. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA" é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as "EMPRESAS PRIVADAS" são papelarias particulares de seus empregados desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu "puxar" a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a impontualidade é um hábito. Onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano.
Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas fazem "gatos" para roubar luz e água e nos queixamos de como esses serviços estão caros. Onde não existe a cultura pela leitura (exemplo maior nosso atual Presidente, que recentemente falou que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem econômica.
Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis que só servem para afundar ao que não tem, encher o saco ao que tem pouco e beneficiar só a alguns.
Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser "comprados", sem fazer nenhum exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre. Um país onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos do Fernando Henrique e do Lula, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem "molhei" a mão de um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Dirceu é culpado, melhor sou eu como brasileiro, apesar de ainda hoje de manhã passei para trás um cliente através de uma fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.
Como "Matéria Prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "ESPERTEZA BRASILEIRA" congênita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte... Me entristeço. Porque, ainda que Lula renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém o possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Collor, nem serviu Itamar, não serviu Fernando Henrique, e nem serve Lula, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estanca-dos... igualmente sacaneados!!! É muito gostoso ser brasileiro.
Mas quando essa brasilinidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas Possi-bilidades de desenvolvimento como Nação, aí a coisa muda... Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam um Messias.
Nós temos que mudar, um novo governador com os mesmos brasileiros não poderá fazer nada. Está muito claro... Somos nós os que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda nos acontecendo: desculpamos a mediocridade mediante programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.
E você, o que pensa?.... MEDITE!!!...
A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique. Agora dizemos que Lula não serve. E o que vier depois de Lula também não servirá para nada. Por isso estou começando a suspeitar que o problema não está no ladrão corrupto que foi Collor, ou na farsa que é o Lula. O problema está em nós. Nós como POVO. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA" é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as "EMPRESAS PRIVADAS" são papelarias particulares de seus empregados desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu "puxar" a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a impontualidade é um hábito. Onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano.
Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas fazem "gatos" para roubar luz e água e nos queixamos de como esses serviços estão caros. Onde não existe a cultura pela leitura (exemplo maior nosso atual Presidente, que recentemente falou que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem econômica.
Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis que só servem para afundar ao que não tem, encher o saco ao que tem pouco e beneficiar só a alguns.
Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser "comprados", sem fazer nenhum exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre. Um país onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos do Fernando Henrique e do Lula, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem "molhei" a mão de um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Dirceu é culpado, melhor sou eu como brasileiro, apesar de ainda hoje de manhã passei para trás um cliente através de uma fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.
Como "Matéria Prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "ESPERTEZA BRASILEIRA" congênita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte... Me entristeço. Porque, ainda que Lula renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém o possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Collor, nem serviu Itamar, não serviu Fernando Henrique, e nem serve Lula, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estanca-dos... igualmente sacaneados!!! É muito gostoso ser brasileiro.
Mas quando essa brasilinidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas Possi-bilidades de desenvolvimento como Nação, aí a coisa muda... Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam um Messias.
Nós temos que mudar, um novo governador com os mesmos brasileiros não poderá fazer nada. Está muito claro... Somos nós os que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda nos acontecendo: desculpamos a mediocridade mediante programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.
E você, o que pensa?.... MEDITE!!!...
quinta-feira, 1 de dezembro de 2005
Mr. Curren, as always!
Scott Aichner alinha com Tom Curren no Backdoor ontem
30/nov/2005, diz a legenda da foto do site Sickshots
30/nov/2005, diz a legenda da foto do site Sickshots
Anda, vira e mexe e lá está o homem. Quietinho, na dele e chamando toda a atenção para si. Enquanto os holofotes do Pipe Masters não são ligados (e focados na direção da batalha final entre o careca e o bodoso), o North Shore se divide entre o "boring" campeonato especial das mulheres em Sunset (as brasileiras tomaram laço) e as performances meia boca do resto nos outros picos.
Será que este ano ele emplaca as capas outra vez?
terça-feira, 29 de novembro de 2005
1 já foi!
Nunca houve tantos motivos para acompanharmos a Triple Crown e o principal deles é que existia um grande número de brasileiros com chance de conseguir uma vaga para o WCT.
É claro que restando apenas uma etapa do WQS, em Sunset, as chances de quem ainda não havia se garantido, estavam bem reduzidas, principalmente se levássemos em consideração que não bastava a esta turma uma classificação intermediária. Alguns deles precisavam inclusive chegar à final.Mas não deu. Apenas o raçudo, porém durinho, Yuri Sodré chegou às oitavas de final - que deve ser transmitida ao vivo na internê, hoje à tardinha. Mas Yuri tinha gordura sobrando. Já estava garantido no WCT 2006.
Mas sem dúvida, deixando o patriotismo de lado, o motivo mais forte para que não tiremos o olho do computador (e da TV) será o Pipe Masters.
Neste anos muitas coisas estarão em jogo. Arrisco dizer que a disputa entre o bodoso e o careca vai ser mais acirrada do que aquela em que o bodoso ganhou aos 45 do segundo tempo.
O careca está provando ao mundo que é o melhor dos melhores. Pipeline é um lugar onde normalmente ele se sobressai. Por outro lado, o bodoso está com esta estória de "melhor dos melhores" engasgada. E ele também é um monstro nos buracos de Pipe.
segunda-feira, 28 de novembro de 2005
Palavra de coelho
Cadastrei-me no "Monday Morning Wave" da revista inglêsa Surfer´s Path, já faz um tempinho. Isto garante que todas as segundas-feiras, chega ao meu e-mail uma mensagem contendo algumas pérolas, entre elas uma foto e um pequeno texto. Algumas destas mensagens são memoráveis, com a foto e o texto conseguindo mexer comigo.
Foi o caso hoje: A foto é da Libéria e, sua legenda, fantástica: "A Libéria tem um novo governo e pela primeira vez em 25 anos, não há guerra por lá. Comida para o povo! E renovem as propriedades a beira-mar como esta!"
O texto desta segunda-feira é uma estorinha contada pelo surfista, jornalista e historiador do surfe, Matt Warshaw (mantenho na sua forma original, em inglês):
"I was interviewing Rabbit in an SFO terminal in 1993 when he spread his arms as he could and said something like "This is how long mankind's been around." Then squinted and pointed his index finger at the right edge of his imaginary timeline, "And I'm born here, and I get to grow up at Kirra, and surf around the world, and just live this life...." He was grinning now, high-voiced, almost wild-eyed. "Can you believe how lucky that is? Is that the luckiest thing you've ever heard of?" Rabbit was about 40 then. He's still that stoked. I think about that sometimes when I'm feeling a little cynical or burned-out."
A expressão "he´s still that stoked" mexeu comigo. Na verdade me identifico com este sentimento. Acredito, inclusive, que vou ter este sentimento para com o surfe, para sempre, pois sinto-me a cada ano, mais fissurado...
sexta-feira, 25 de novembro de 2005
Fora de época
Diariamente visito uma lista de sites. No Sickshots, sempre há uma foto de babar, na capa. Pudera, o fotógrafo responsável pelo endereço passa o ano em Bali, exceto durante dezembro e janeiro, quando ele se transfere, de mala e cuia para o north shore, até porquê, neste período reza a lenda que Bali e adjacências não estarão quebrando.
Pura lenda. A foto acima mostra Mentawai quebrando perfeita em pleno final de novembro. Imagine que maravilha ter aquele montão de ilhas, lotadas de ondas perfeitas, só para você...
domingo, 23 de outubro de 2005
Desculpa esfarrapada
Foto: Ivan Storti / Reef Classic
Há um contador ali em baixo que me mostra que ainda existem uns 50 - 60 insistentes que todas as semanas, sem falta, fazem uma visitinha a esta página. E é justamente esta turma que tem me deixado constrangido e até um pouco estressado.
Quando iniciei este blog, tinha muitos textos antigos guardados e além disso, o próprio fato de montar esta página já mostra que eu andava com tempo sobrando. É um hobbie interessante. Gosto de escrever, mas sem compromisso.
Mas tudo mudou. Ando completamente sem tempo e o "sem compromisso", agora ficou difícil.
Ocorre que por conta de 60 visitantes semanais, comecei a sentir que tinha uma espécie de compromisso. De repente me vi dando explicações a mim mesmo (já que não podia dar a vocês) do porque não havia conseguido atualizar o blog e tal. E entra segunda-feira e passa a semana e chega o final de semana e nada de eu arranjar um tempinho para escrever umas míseras linhas.
E tome olhar o contador e comprovar que os 60 fiéis leitores estão ali, na espera, como se estivessem todos de braços cruzados e me olhando com cara de impacientes, prontos para perguntarem, "como é que é, Giovanni, é para hoje ou para amanhã"?
Sei que o que estou escrevendo não é aquilo que vocês esperam encontrar aqui. Mas sei lá, penso que devia esta explicação. É isto. Quem me paga, tem tirado meu couro e deixado pouco tempo para eu dedicar às minhas coisas. Mas isto não deve continuar para sempre, prometo.
De qualquer maneira, é muito engraçado, porque à medida em que os dias vão passando e vou sendo torpedeado por notícias, coisas novas que vejo ou leio, vou formulando textos na minha cabeça, "posts mentais". Só está faltando tempo para passa-los para o computador.
Só para não ficar apenas na desculpa esfarrapada, fecho este post, dividindo com o leitor uma notícia muito agradável que tive hoje: a de que Pedro Henrique já está garantido, ao lado de Adriano "Mineirinho" no WCT de 2006. Dois surfistas da nova geração.
Com qualidade de surfe acima de qualquer suspeita. É a renovação do time brasileiro no WCT da qual tanto sentimos falta nos últimos anos. Ainda estão faltando alguns nesta lista, mas aos poucos todos eles devem chegar lá. E não esqueçam que vão abrir várias vagas no WCT do ano que vem, pois muitos tops estão se aposentando. Já pensou? Eu sonho com o dia em que teremos mais da metade daquelas 45 vagas sob nosso controle...
segunda-feira, 10 de outubro de 2005
A chama apagou
O responsável pela edição de fotografia da revista Surfing, Larry Flame, morreu hoje, vítima de câncer no cérebro.
Contra todas as estatísticas e previsões dos médicos, que lhe davam no máximo 18 meses de vida, Tio Larry segurou a onda por um bom tempo, indo diariamente ao escritório da revista.
Leia mais no site da Surfing.
Contra todas as estatísticas e previsões dos médicos, que lhe davam no máximo 18 meses de vida, Tio Larry segurou a onda por um bom tempo, indo diariamente ao escritório da revista.
Leia mais no site da Surfing.
segunda-feira, 3 de outubro de 2005
Figuras ilustres
É bacana verificar que cada vez mais a nossa turma se espalha entre as "pessoas comuns". Clica aqui e confira a entrevista com o jogador Jud Buechler, da NBA, no site Sickshots.
Entre outras coisas, ele conta que vai anualmente à Tavarua com a equipe da Rusty e que surfa quase que diariamente em Del Mar, na Califórnia, onde reside.
Se fosse aqui, provavelmente leríamos que nas horas vagas o sujeito gosta de uma roda de pagode acompanhada de uma cervejinha...
Entre outras coisas, ele conta que vai anualmente à Tavarua com a equipe da Rusty e que surfa quase que diariamente em Del Mar, na Califórnia, onde reside.
Se fosse aqui, provavelmente leríamos que nas horas vagas o sujeito gosta de uma roda de pagode acompanhada de uma cervejinha...
sexta-feira, 30 de setembro de 2005
As francesas não gostam dos carecas!
É isto. Pelo segundo ano consecutivo as francesas sacanearam o careca. Outra vez esconderam-se dele justamente nas quartas de final. E o pior de tudo não é nem isto: também ficou comprovado que elas adoram o bodosinho do Kauai. Tudo bem, preciso admitir que apesar de bobalhão, ele fez misérias com elas, mas isto não conta.
De qualquer maneira, a boa notícia é que, com a classificação obtida lá na França, o bodoso e o careca vão decidir o título aqui no Brasil.
E a gente sabe que as brasileiras, a-d-o-r-a-m o careca.
Uma pena é que a transmissão internética aqui na terrinha é uma merda, pois tem o dedo do Terra, que não é muito chegado nas coisas práticas. Vou torcer para que, neste ano, as coisas tenham melhorado.
Já posso ouvir o "zum-zum-zum" entre as brasileiras...
De qualquer maneira, a boa notícia é que, com a classificação obtida lá na França, o bodoso e o careca vão decidir o título aqui no Brasil.
E a gente sabe que as brasileiras, a-d-o-r-a-m o careca.
Uma pena é que a transmissão internética aqui na terrinha é uma merda, pois tem o dedo do Terra, que não é muito chegado nas coisas práticas. Vou torcer para que, neste ano, as coisas tenham melhorado.
Já posso ouvir o "zum-zum-zum" entre as brasileiras...
domingo, 18 de setembro de 2005
Nada de novo...
No início eu afirmei que "É dos carecas que elas gostam mais", depois continuei escrevendo pérolas parecidas com esta para dizer que Kelly Slater tem uma sintonia extrema com as ondas - sintonia esta que estranhamente sumiu na final da etapa do Japão, talvez porque lá as coisas funcionem ao contrário, por ser do outro lado do mundo.
Agora perdeu a graça. Tenho que mudar o meu discurso. Voltou a ser normal o cara ganhar tudo.
Na verdade, a velocidade, as manobras, o aproveitamento da onda (ou a capacidade de ler a onda, como ele mesmo costuma dizer), a tática de competição, a radicalidade, o estilo, a frieza, a tranquilidade....e o que mais?? Não tem ninguém capaz de chegar perto dele neste momento. Andy Irons dá tudo o que tem e o máximo que consegue é atrapalhar um pouquinho: Ok, a gente já te viu Andy, agora sai da frente por favor que a gente quer ver a onda do careca ali atrás!
Agora vamos (eu vou junto, via internê) para a França e depois a gente vem para o Brasil. Até aí, segue o paraíso para o nosso herói careca. Só beach break. Perfeito para o careca surrar todo mundo. E provavelmente já no Brasil, do jeito que a coisa vai, o careca terá aberto uma distância tão grande do bodosinho do Kauai que nem precisará se preocupar com Sunset, onde nunca venceu.
Algo me diz que ele vai encerrar o ano do jeito que sempre gostou: ganhando tudo no Pipe Masters.
Eu torço por ele...deu pra notar?
P.S. Brasileiros?? Que brasileiros??
Agora perdeu a graça. Tenho que mudar o meu discurso. Voltou a ser normal o cara ganhar tudo.
Na verdade, a velocidade, as manobras, o aproveitamento da onda (ou a capacidade de ler a onda, como ele mesmo costuma dizer), a tática de competição, a radicalidade, o estilo, a frieza, a tranquilidade....e o que mais?? Não tem ninguém capaz de chegar perto dele neste momento. Andy Irons dá tudo o que tem e o máximo que consegue é atrapalhar um pouquinho: Ok, a gente já te viu Andy, agora sai da frente por favor que a gente quer ver a onda do careca ali atrás!
Agora vamos (eu vou junto, via internê) para a França e depois a gente vem para o Brasil. Até aí, segue o paraíso para o nosso herói careca. Só beach break. Perfeito para o careca surrar todo mundo. E provavelmente já no Brasil, do jeito que a coisa vai, o careca terá aberto uma distância tão grande do bodosinho do Kauai que nem precisará se preocupar com Sunset, onde nunca venceu.
Algo me diz que ele vai encerrar o ano do jeito que sempre gostou: ganhando tudo no Pipe Masters.
Eu torço por ele...deu pra notar?
P.S. Brasileiros?? Que brasileiros??
segunda-feira, 12 de setembro de 2005
Skate
Meus amigos do surfe voltaram a andar de skate. Eu, com medo de me machucar, não dei muita bola. Daí um dia, eu estava passando pela pista de skate do Parque Marinha do Brasil e vi um cara arrebentando com estes skatões longos, fazendo uma linha bem surfe. Deu pra perceber que o cara era surfista, não tive dúvida. Naquele momento comecei a me coçar...
Mas a vida corrida da cidade acaba fazendo a gente esquecer os projetos menos importantes. É um tal de cumprir prazo com o cliente, chegar atrasado no escritório, sair tarde do trabalho e ainda ter que passar no supermercado e finalmente chegar mais tarde ainda, em casa. Daí tem que conversar com a mulher, brincar com a filha...ufa! E final de semana tem a praia. Mas que horas eu vou andar de skate então? "Deixa pra lá", pensei. "Mas que ia ser uma boa alternativa para a academia que não faço..." também pensava. E assim tem sido nos últimos dois ou três anos.
Até que encontrei o Renatão no supermercado, depois do trabalho (atrasado, correndo pra casa e tal).
O Renatão é meu parceiro de skate das antigas. É, porque antes de eu virar surfista, era skatista. Competi, montei rampa, etc., etc., etc. Consegui inclusive algumas medalhas e troféus no esporte. Depois o surfe tomou conta.
Pois o encontro com o Renatão serviu para eu começar a me coçar outra vez. O cara me contou que quase todos, da nossa geração, estão andando de novo. Disse que a galera combina sessões na Swell Skate Park, em Viamão - pista que foi construída pelos irmãos Sefton (Mico e Paulo) no sítio da família - regadas a churrasco e muita risada.
Renatão me intimou a comparecer. Botou uma pilha gigante.
Trocamos telefones e combinamos um encontro no dia seguinte, ao meio dia, no Marinha, onde ele e o Paulo PC (outro das antigas) estariam dando uma volta. Infelizmente não consegui ir ao encontro. Surgiu um almoço de aniversário de um colega de trabalho.
Mas alguns temas de casa que o Renatão me passou eu já cumpri. O primeiro deles, assistir o documentário "Dogtown and ZBoys" do Stacy Peralta eu já assisti. Aliás, comprei o DVD. Putz, voltei no tempo. Todos os meus ídolos "em movimento". Sim porque "no meu tempo" só víamos os caras nas fotos da Skateboarder, ou seja, sem voz, sem movimento. E isto faz toda a diferença.
De qualquer maneira, estou pondo algumas fotos antigas e algumas atuais para vocês entenderem o meu envolvimento com as quatro rodinhas...
Espero, em breve, postar outras fotos atuais.
Mas a vida corrida da cidade acaba fazendo a gente esquecer os projetos menos importantes. É um tal de cumprir prazo com o cliente, chegar atrasado no escritório, sair tarde do trabalho e ainda ter que passar no supermercado e finalmente chegar mais tarde ainda, em casa. Daí tem que conversar com a mulher, brincar com a filha...ufa! E final de semana tem a praia. Mas que horas eu vou andar de skate então? "Deixa pra lá", pensei. "Mas que ia ser uma boa alternativa para a academia que não faço..." também pensava. E assim tem sido nos últimos dois ou três anos.
Até que encontrei o Renatão no supermercado, depois do trabalho (atrasado, correndo pra casa e tal).
O Renatão é meu parceiro de skate das antigas. É, porque antes de eu virar surfista, era skatista. Competi, montei rampa, etc., etc., etc. Consegui inclusive algumas medalhas e troféus no esporte. Depois o surfe tomou conta.
Pois o encontro com o Renatão serviu para eu começar a me coçar outra vez. O cara me contou que quase todos, da nossa geração, estão andando de novo. Disse que a galera combina sessões na Swell Skate Park, em Viamão - pista que foi construída pelos irmãos Sefton (Mico e Paulo) no sítio da família - regadas a churrasco e muita risada.
Renatão me intimou a comparecer. Botou uma pilha gigante.
Trocamos telefones e combinamos um encontro no dia seguinte, ao meio dia, no Marinha, onde ele e o Paulo PC (outro das antigas) estariam dando uma volta. Infelizmente não consegui ir ao encontro. Surgiu um almoço de aniversário de um colega de trabalho.
Mas alguns temas de casa que o Renatão me passou eu já cumpri. O primeiro deles, assistir o documentário "Dogtown and ZBoys" do Stacy Peralta eu já assisti. Aliás, comprei o DVD. Putz, voltei no tempo. Todos os meus ídolos "em movimento". Sim porque "no meu tempo" só víamos os caras nas fotos da Skateboarder, ou seja, sem voz, sem movimento. E isto faz toda a diferença.
De qualquer maneira, estou pondo algumas fotos antigas e algumas atuais para vocês entenderem o meu envolvimento com as quatro rodinhas...
Espero, em breve, postar outras fotos atuais.
quarta-feira, 24 de agosto de 2005
terça-feira, 23 de agosto de 2005
Perdi as contas!
Eu vinha contando quanto tempo Tramandaí estava quebrando sem parar, mas acabo de perder as contas! Não lembro de um período tão longo com tanta onda boa, nestas minhas quase tres décadas de surfe no local.
Tudo bem que houve períodos de "lixo" desde o início deste ano, mas não lembro de mais do que uma semana sem onda. E quando digo "sem onda" não me refiro a mar flat e sim a ondas com má formação, porque se fossemos contabilizar os dias de flat, bom, neste caso contaríamos nos dedos.
É muita onda boa um período muito curto. Chego a ficar com medo de sermos cobrados mais pra frente. Tomara que não. Tomara que a primavera nos presenteie com poucos ventos, não sendo portanto, primavera de verdade. Que esta fase de boas ondas dure para sempre.
E que as ondas que quebraram hoje à tardinha, permaneçam com esta perfeição toda até o final de semana. Eu já estou pronto pra correr até elas.
Tudo bem que houve períodos de "lixo" desde o início deste ano, mas não lembro de mais do que uma semana sem onda. E quando digo "sem onda" não me refiro a mar flat e sim a ondas com má formação, porque se fossemos contabilizar os dias de flat, bom, neste caso contaríamos nos dedos.
É muita onda boa um período muito curto. Chego a ficar com medo de sermos cobrados mais pra frente. Tomara que não. Tomara que a primavera nos presenteie com poucos ventos, não sendo portanto, primavera de verdade. Que esta fase de boas ondas dure para sempre.
E que as ondas que quebraram hoje à tardinha, permaneçam com esta perfeição toda até o final de semana. Eu já estou pronto pra correr até elas.
domingo, 21 de agosto de 2005
Indo Dreams
Mentawai é o sonho surfístico de 9 em cada dez surfistas (o único que não acalenta este sonho, é porque já foi pra lá - e sonha em voltar!).
Meu compadre e grande amigo Paulinho, acaba de voltar de lá. Concretizou o meu, o seu, o nosso sonho. Voltou com aquelas estórias que fazem a gente babar.
Aliás, preparei pra ele um CD com todas as fotos que trouxe da trip, devidamente tratadas para serem apresentadas na tela da TV. Fiz um trabalho caprichado, com direito a capa e etiqueta no CD, como se fosse coisa impressa e comprada na loja.
Neste CD há uma sequencia, entre as quase 400 fotos, que me fizeram babar. Não trata-se de nenhuma manobra espetacular, muito menos de uma onda perfeita quebrando. Isto tem aos montes nas fotos que ele trouxe e nas que a gente está acostumado a ver do lugar. Na verdade, é uma sequencia dele, passando na remada, por uma série perfeita de esquerdas e o comentário: "eu tava sozinho neste mar. O resto da turma que estava comigo não estava com vontade de surfar naquele momento, então fomos apenas eu e o fotógrafo, só pra curtir aquele marzinho sem ninguém mais..." Pode?
A gente se matando aqui pra pegar umas ondinhas meia boca e o meu compadre surfando sozinho, nas Mentawai???
Um dia vou lá. Pode crer. Minha hora vai chegar...
quarta-feira, 10 de agosto de 2005
Prazeres surfísticos
Por Diego Gobatto
Dia desses me peguei pensando, em cima de comportamentos de pessoas próximas a mim, como o surf propicia prazeres das formas mais diversas possíveis e imagináveis. Diante disto, resolvi focar este texto em cima de dois grupos de surfistas que buscam formas distintas de satisfação através do ato de deslizar sobre a água e com as ondas.
Pois bem, o primeiro grupo de surfistas que identifico aqui, e no qual me incluo, é aquele que independente das condições do mar, clássico ou o mais sofrível possível, caem no mar com o pensamento de que independente das condições uma manobra que você vinha tentando a um tempão faz valer o banho e o torna inesquecível. É claro que muitas caídas não alcançam esse status, mas a pilha não acaba por causa disso.
O outro grupo é exatamente o oposto do primeiro, não cai no mar ruim de jeito nenhum, se guarda para AQUELE clássico, onde todas as variantes estão certinhas e o mar se torna épico. Não estou aqui dizendo que estes surfistas sejam menos ou mais fissurados que os do outro grupo, ou que surfem melhor ou pior, inclusive já vi neguinho que só dava a cara no mar clássico e arrebentava mais que muito malandro que todo dia batia o cartão nas ondas.
Independente do grupo onde você se encaixa, ou que não se encaixe em nenhum, o certo é que na hora que você está lá fora sentado esperando a série, ou depois de um manobrão, ou ainda, depois de surfar a melhor onda do melhor dia do ano, o prazer que isto proporciona só nós soubemos, graças a Deus.
sábado, 6 de agosto de 2005
Costa San
Danilo Costa acaba de vencer o WQS japones - Billabong Tahara Pro. Deixou o australiano Sean Cansdell em combinação boa parte da bateria final. Na verdade "sentou em cima" de dois high scores (um 8 e um 7) e deixou o aussie correr atrás desesperadamente. No finalzinho o australiano até conseguiu "sair da Kombi", mas perdeu precisnado de um 8,33.
Tô na praia. São 23h e resolvi dar uma interneteada. Dei sorte. A conexão (discada) tá razoável e a qualidade da trasmissão também.
Notícia quentinha. Só vai estar nos sites amanhã. Anote aí: tô escrevendo isto antes da meia noite de sábado, dia 6.
Tracks dando furo...!
Tudo bem, não é importante. Mas vale a brincadeira.
sexta-feira, 22 de julho de 2005
Kelly é Pelé!
Não tem pra ninguém! O careca mostrou ao mundo mais uma vez que em matéria de técnica competitiva ninguém chega aos seus pés!
O cara teve a frieza de esperar até o último minuto, precisando de uma nota quase impossível de tirar nas condições que Jeffreys estava oferecendo, deixando inclusive umas duas séries passarem.
Pegou a maior onda da bateria e bateu sem dó na coitada. A maioria dos top 44 faria um "safe surf" para tentar buscar o placar adverso. Mas o Pelé do surfe não. Rasgou, esmerilhou, derrapou e buscou a nota que precisava.
Terminou a onda vencedora, prá lá da visão dos juízes. Tão longe que a câmera desistiu de segui-lo e fiquei apenas com a narração do Perdiga que não terminava nunca...
Kelly mostrou hoje, de uma vez por todas, que os três títulos do bodoso Andy Irons só aconteceram porque ele deu uma relaxada. Deu uma aula ao bobalhão lá do Kauai.
O careca tá cada vez pior!
E mais uma vez pudemos comprovar, como eu já havia afirmado aqui mesmo, que é deles, os carecas, que elas gostam mais. Ele sabia disso e esperou. Escolheu. Correu pro abraço.
O cara é foda!
terça-feira, 19 de julho de 2005
Valentina
[Troquei alguns e-mails com meu amigo Maurício e num deles saiu o texto abaixo. Assim, sem pensar muito. Depois, ao reler o que havia escrito, caiu a ficha: nem eu havia percebido o quanto minha escala de valores mudou.]
Não existe sensação igual a de dar um esmagão num serzinho que foi produzido por ti. Sentir o cheirinho dela e te reconhecer nele. Enxergar o teu sorriso em alguém que te mira. Sentir o abraço de alguém que te admira na alma.
Talvez aquele tubo mais profundo que já pegaste chegue perto...mas daí...foram alguns segundos e uma vez só.
Tenho a sensação descrita acima, todos os dias, ao chegar em casa...!
domingo, 10 de julho de 2005
Maestro da Transfiguração
Antes de mais nada, o cara é surfista. Eu disse "antes" e realmente quis dizer isto. Antes de se tornar famoso como designer gráfico, David Carson era um malucão do surf. Tenho a impressão que depois ele levou sua maluquice para o mundo gráfico e seus Macintoshes e deixou apenas o soul para o surfe.
Encontrei o texto que segue, no site da revista Design Gráfico.
Revolucionar. V. t. d. 1. Excitar à revolução; instigar à revolta; sublevar; revoltar. 2. Agitar moralmente; perturbar. 3. Causar notável mudança em; transformar. 4. Pôr em rebuliço; agitar. 5. Insurgir-se; sublevar-se; revoltar-se.
Efeitos desencadeados por todos os sinônimos do verbete acima transformaram literalmente as concepções do design quando David Carson trouxe seu trabalho a público. No fim dos anos 70, quando o designer dividia seu tempo entre a atividade como professor de sociologia e sessões de surf, um workshop de duas semanas o apresentou ao ofício.
Desde então, passaram-se mais de 20 anos, nos quais enfileiraram -se oportunidades de trabalho acompanhadas de muita sorte: o estilo do norte-americano era uma releitura do caótico trazido pelo movimento Merz, que teve como expoentes construtivistas como Schwitters e Lissitsky. A plataforma Macintosh se afirmando como a ferramenta ideal para o design, além do advento do postscript, que acabou com as limitações dos bitmaps e formas digitais e o estilo grunge afirmando-se como forma de expressão musical para uma geração. Tudo conspirava para que o designer estivesse “no lugar certo e na hora certa”, como diz Billy Bacon, da Nu’Des.
Em 1983, idéias fervilhando na cabeça unidas ao objetivo de causar impacto fizeram David Carson optar pela revista “Transworld Skateboarding” para trabalhar como diretor de arte. Em suas páginas, a revista trouxe experimentações em layout e tipografia que quase dissociavam o conteúdo editorial do projeto gráfico, tamanho o caos que reinava nas edições. Matérias poderiam começar na primeira capa, serpentear ao longo de toda a revista, para terminar na quarta capa.
Após a experiência da “Transworld” e de ter participado de outros projetos de menor porte, em 1990 chefiou o desenvolvimento das páginas da revista de comportamento e música “Beach Culture”. Considerada o ápice criativo de Carson, a revista foi extinta em sua sexta edição, recebendo mais de 150 prêmios de design gráfico no mundo inteiro.
O estrondoso sucesso da “Beach Culture” fez com que o designer privilegiasse a não imposição de qualquer tipo de grid, além da liberdade de criação: foi aí que Marvin Scott Jarrel cruzou seu caminho e, juntos, conceberam o que se tornaria a hecatombe do design em escala comercial. A “RayGun” trazia, em seu miolo de conteúdo musical, uma das máximas de Carson na execução de seu trabalho: “A intuição é instrumento da invenção”.
produção aleatória
David Carson conta que, enquanto trabalhava na revista, não imaginava que mudaria as concepções de design gráfico em tão larga escala. “Nunca pensei nisso ou percebi algo do tipo. O processo de criação era tão rápido e me absorvia tanto que eu só pensava em fazê-lo aproveitando o máximo, experimentando, me divertindo”.
Uma das derivações desse ciclo de produção foi uma empresa de fontes para atender à demanda tipográfica das páginas da “RayGun”, a Garage Fonts, que hoje exerce atividades independentes da revista, da qual o designer se desligou em 96.
A essa altura, o californiano já havia adquirido status de estrela no mundo do design gráfico, assim como seus contemporâneos Neville Brody, Rudy Vanderlans etc. Assim, foi naturalmente alçado de porta-voz da cultura underground para o mundo corporativo. Caciques do mundo capitalista como Coca-Cola, Nike, AmEx, Citibank, etc, tiveram reformuladas por ele suas identidades visuais, publicidade impressa e comerciais.
Em seus trabalhos para empresas ou nas páginas de revistas como a porto-riquenha “Surf in Rico” e a brasileira “Trip”, Carson recorre a um mosaico de inspiração que inclui música, grafite, pichações, a vida praiana e suas inúmeras viagens. “Para ser bom designer, no entanto, não é necessário rodar o mundo, mas ter no mínimo variadas experiências de vida”.
A referência ao sortimento de situações pelas quais já passou é marcante em seu trabalho. Além das viagens, que oferecem “o prazer de conhecer novas culturas e de estar em contato com climas propícios à criação” a prática do surf e sua energia são drenadas para seu design. Como auxiliar na composição de idéias, uma câmera digital o acompanha em todos os lugares, onde registra o banal, o curioso, o mórbido, o engraçado. Por vezes, nem entende a razão do clique. “Mas depois, quando vejo uma foto aparentemente mal resolvida e inútil, enxergo soluções para trabalhos muito mais eficazes do que se fossem feitos com uma foto ‘planejada’.
“low- tech”
Apesar do site viver em metamorfose, Carson não se sente atraído pelo desenvolvimento para a Web. “Acho que, em relação ao design gráfico, o webdesign perde muito de sua força, fica confuso, não segue uma direção muito clara. Além disso, perde-se uma considerável energia no processo, conduzido por softwares mal resolvidos, que coíbem a liberdade de implementar elementos na página, por conta de caixas invisíveis!”, diz, indignado.
No estúdio de Nova York, onde trabalha com outras duas pessoas, o designer assume função multimídia: atende ao telefone, negocia e centraliza as decisões de todas as etapas do projeto. Esses são alguns dos motivos pelos quais Carson justifica sua falta de tempo para se dedicar ao desenvolvimento de projetos para a Internet. O designer lembra que há três anos fez o projeto do site da MGM Studios, mas que o saldo da experiência não foi dos melhores. “Foi frustrante, lento e restritivo. Além disso, defendo o uso de gráficos interativos, vídeo, filmes, que só agora são viáveis, com a vinda de melhores recursos, como a banda larga e streaming”.
Mas essas novidades não parecem muito atrativas. Quando questionado se não tem receio de perder espaço no mercado devido ao crescimento da Internet - onde, segundo ele próprio, tudo está baseado – Carson dá de ombros. “Não vou fazer webdesign porque todos fazem, isso não me dá prazer. Só navego para ver um site específico, e não entendo como as pessoas podem ficar em frente a uma tela procurando por nada! Eu não posso me dar a esse luxo, nem tenho paciência”.
percalços e influência
Um grande opositor de David Carson no design foi Paul Rand, criador do logotipo da IBM, entre outros projetos de notável relevância. Rand, morto em 1996, chegou a cortar relações com um amigo que convidou Carson para uma conferência.
“Para mim, essas provocações nunca fizeram grande diferença. Os contemporâneos de Rand, modernistas, ou seja lá o que for, proclamam o uso de grids e sistemas para obter um design de boa qualidade, uniforme. Para eles, eu sou o cara que jogou tudo isso fora, dizem que meu trabalho não transmite nada. Mas se causou raiva neles, já é um bom começo”, diz, entre risadas. “Fiz o que tive vontade e tenho prazer no que faço, até hoje”.
Alexandre Wollner, um dos cânones do design brasileiro, questiona: “a falsa iniciativa foi de transpor a cultura MTV para o visual gráfico, linguagem discutível inclusive para mídia televisiva. Você pode usar a tipografia como material ilustrativo e esculhambá-lo, mas se não serve para ler, então para que serve?”
Por outro lado, Billy Bacon, designer brasileiro declaradamente influenciado pela forma não convencional de se comunicar, não vê problemas no modus operandi trazido nos anos 80 por Carson: “Quem trabalha com design, estuda e pesquisa, deve utilizar qualquer estilo para ser mais eficiente na transmissão de idéias”. Sobre a legibilidade, Billy é ainda mais veemente: “Para mim, é um assunto ultrapassado. O design é uma manifestação de comunicação que vive evoluindo e se transformando. Na época, a ilegibilidade não destruia apenas um conceito de design. Seu poder era e é bem maior que isso. Questionar a legibilidade é questionar o sistema como um todo. Só não vê quem não quer”.
Para Cecília Consolo, que organizou as apresentações internacionais na Bienal de Design Gráfico, o momento é de reflexão. “Considerar novas possibilidades e linguagens é essencial para que o trabalho não fique estagnado. Carson é uma figura emblemática do design, quer gostemos do trabalho dele ou não. Ele rompeu com o processo suíço, trazendo uma nova forma de pensar para o design e isso é inquestionável”.
Uma questão com a qual Cecília trabalha há anos com seus alunos na faculdade e que Wollner apresenta em seu discurso é sobre a “californificação” do design, considerada pelos mais ortodoxos como uma moda passageira, de valores efêmeros e que representa risco para a produção brasileira.
O designer-surfista acha difícil que aconteça um segundo “boom” no design, como o que ele mesmo detonou, há vinte anos. Atribui à globalização e o surgimento de novas mídias uma quase impossibilidade de não repetir o que já foi feito no meio impresso. É esse o tema de um dos seus livros, “The End of Print”, cujo título foi tirado de uma conversa com Neville Brody, que comentou: “O que poderia ser feito com a impressão nós já fizemos de todas as formas. É hora de migrar para outra mídia, o que mais podemos fazer?”.
Tudo leva a crer que o mundo precisa de mais manifestações regionais (e originais) de design. Não significa que o impacto de páginas como as da “Beach Culture” ou da “RayGun” deva ser exorcizado das fontes de inspiração: a criação, mais do que nunca, tende a ser orientada por citações como a de que “não é possível ser neutro” –essa é apenas uma das frases de Marshall McLuhan, contidas no próximo livro de Carson, “The Book of Probes”. Inspire-se.
Mães Más
Normalmente só escrevo e publico neste espaço, assuntos relacionados com o surfe. Na verdade nunca prometi isto. Nem pra você que me lê agora e muito menos para mim. Sendo assim, me sinto totalmente à vontade para trazer aqui um assunto novo, totalmente fora do normal neste blog.
Ocorre que sempre fui muito ligado à família e atualmente sou o "chefe" de uma. Por isso volta e meia me pego avaliando minha "performance". Faço comparações entre o que vivencio agora e aquilo que vivi ou li. Tento comparar se estou acertando com a minha filha as coisas que considerei certas na educação que recebi dos meus pais. Tento evitar com minha esposa, aquilo que julgo ser errado. Na verdade nossos pais nos ofereceram o primeiro "manual para a vida". Depois deles, vieram os livros, a escola, os amigos, a sociedade e por aí vai.
Em nossa casa, minhas irmãs e eu brincávamos chamando nossa mãe de "Cuca", numa alusão à personagem do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato - e não da Globo, como o leitor menos informado poderia pensar. "A Cuca vai pegar", brincávamos. E é verdade. A "dona" Lia, além de braba, era linha dura. Comeu, não leu, páu comeu! Apanhei muito.
Há alguns anos ela nos deixou. Faleceu vítima de um câncer que surgiu do nada, de uma hora para outra e, em dois anos consumiu-a.
Mas apesar da fama de Cuca, o que ficaram foram lembranças lindas. Lembranças de uma pessoa que foi incansável no trabalho de educar os filhos e de administrar a família. Se meu pai foi o responsável a vida inteira pelo sustento e também por ser uma espécie de "porto seguro" para minha mãe, é certo que ela, foi a principal responsável por ter criado 4 filhos do jeito que quero criar minha filha: preparando-nos para sermos cidadãos especiais, educados, honrados e principalmente, civilizados.
O texto que segue, tem tudo a ver com o que estou falando. Li este texto enxergando a dona Lia. E porque hoje sei que tudo o que ela fez por nós foi corretíssimo, quero dividir o que está escrito nele, com vocês.
Leiam e acreditem: é o segredo da boa criação. Como dizia minha mãe: educar dá muito trabalho, mas recompensa.
Mães Más
(Dr. Carlos Hecktheuer, Médico Psiquiatra)
Um dia quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães, eu hei de dizer-lhes:
Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.
Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.
Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram do supermercado ou revistas do jornaleiro, e os fazer dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queríamos pagar”.
Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé, junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.
Eu os amei o suficiente para os deixar ver além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.
Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes não, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em alguns momentos até odiaram).
Essas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci...Porque no final vocês venceram também! E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães; quando eles lhes perguntarem se sua mãe era má, meus filhos vão lhes dizer:
Sim, nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo...
As outras crianças comiam doces no café e nós só tinhamos que comer cereais, ovos, torradas.
As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvetes no almoço e nós tinhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas.
Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles.
Insistia que lhe disséssemos com quem iamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos.
Ela insistia sempre conosco para que lhe disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade.
E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata!
Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos; tinham que subir, bater à porta, para ela os conhecer.
Enquanto todos podiam voltar tarde tarde da noite com 12 anos, tivemos que esperar pelos menos 16 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata levantava para saber se a festa foi boa (só para ver como estávamos ao voltar).
Por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência.
Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime.
Foi tudo por causa dela!
Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos fazendo o melhor para sermos “pais maus”, como minha mãe foi.
Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: Não há suficientes mães más!
Aquelas que já são mães, que não se culpem, e aquelas que serão, que isso sirva de alerta!
Ocorre que sempre fui muito ligado à família e atualmente sou o "chefe" de uma. Por isso volta e meia me pego avaliando minha "performance". Faço comparações entre o que vivencio agora e aquilo que vivi ou li. Tento comparar se estou acertando com a minha filha as coisas que considerei certas na educação que recebi dos meus pais. Tento evitar com minha esposa, aquilo que julgo ser errado. Na verdade nossos pais nos ofereceram o primeiro "manual para a vida". Depois deles, vieram os livros, a escola, os amigos, a sociedade e por aí vai.
Em nossa casa, minhas irmãs e eu brincávamos chamando nossa mãe de "Cuca", numa alusão à personagem do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato - e não da Globo, como o leitor menos informado poderia pensar. "A Cuca vai pegar", brincávamos. E é verdade. A "dona" Lia, além de braba, era linha dura. Comeu, não leu, páu comeu! Apanhei muito.
Há alguns anos ela nos deixou. Faleceu vítima de um câncer que surgiu do nada, de uma hora para outra e, em dois anos consumiu-a.
Mas apesar da fama de Cuca, o que ficaram foram lembranças lindas. Lembranças de uma pessoa que foi incansável no trabalho de educar os filhos e de administrar a família. Se meu pai foi o responsável a vida inteira pelo sustento e também por ser uma espécie de "porto seguro" para minha mãe, é certo que ela, foi a principal responsável por ter criado 4 filhos do jeito que quero criar minha filha: preparando-nos para sermos cidadãos especiais, educados, honrados e principalmente, civilizados.
O texto que segue, tem tudo a ver com o que estou falando. Li este texto enxergando a dona Lia. E porque hoje sei que tudo o que ela fez por nós foi corretíssimo, quero dividir o que está escrito nele, com vocês.
Leiam e acreditem: é o segredo da boa criação. Como dizia minha mãe: educar dá muito trabalho, mas recompensa.
Mães Más
(Dr. Carlos Hecktheuer, Médico Psiquiatra)
Um dia quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães, eu hei de dizer-lhes:
Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.
Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.
Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram do supermercado ou revistas do jornaleiro, e os fazer dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queríamos pagar”.
Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé, junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.
Eu os amei o suficiente para os deixar ver além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.
Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes não, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em alguns momentos até odiaram).
Essas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci...Porque no final vocês venceram também! E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães; quando eles lhes perguntarem se sua mãe era má, meus filhos vão lhes dizer:
Sim, nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo...
As outras crianças comiam doces no café e nós só tinhamos que comer cereais, ovos, torradas.
As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvetes no almoço e nós tinhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas.
Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles.
Insistia que lhe disséssemos com quem iamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos.
Ela insistia sempre conosco para que lhe disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade.
E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata!
Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos; tinham que subir, bater à porta, para ela os conhecer.
Enquanto todos podiam voltar tarde tarde da noite com 12 anos, tivemos que esperar pelos menos 16 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata levantava para saber se a festa foi boa (só para ver como estávamos ao voltar).
Por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência.
Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime.
Foi tudo por causa dela!
Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos fazendo o melhor para sermos “pais maus”, como minha mãe foi.
Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: Não há suficientes mães más!
Aquelas que já são mães, que não se culpem, e aquelas que serão, que isso sirva de alerta!
quarta-feira, 6 de julho de 2005
O múmia ataca!
O culpado é o meu amigo Torrano. Pegou uma foto minha, em Puerto Escondido, México, em 2001 e fez esta "arte".
Enquanto isto...
Enquanto na costa gaúcha o mar castiga, no mundo dos desenhos, ou Wavetoon caso prefiram, o swell entra limpinho, sem corrente e sem redes de pesca...
quinta-feira, 30 de junho de 2005
Madagascar
E foi exatamente o que fiz esta semana. Assisti na telona, Madagascar da DreamWorks. E posso garantir: me diverti muito. Cheguei a ficar com cãimbra no carrinho de tanto rir.
Mas a razão de eu estar falando neste assunto é porque lá pelas tantas, sem aviso nem nada, Marty, a zebra malandra dublada pelo engraçado Chris Rock pega um tubásso alucinante. O melhor de tudo é que a prancha usada, na verdade são duas, ou melhor, dois...golfinhos!
Se você curte este tipo de filme, como eu, corra para o cinema ou alugue o DVD. Mas se você, não é muito chegado "nestas coisas infantis" (apesar de ser uma estória para adultos, inclusive classificada como PG), dê o DVD de presente para o seu sobrinho e assista só a sequencia da chegada da zebra em Madagascar.
Melhor que muito filmezinho de surfe por aí. Garantido.
Ainda sobre a "pesca de gente"
Ilustração: “Farra da Bóia” Torrano / Wavetoon
Tenho uma mania desde guri, de ler e folhear revistas velhas, principalmente as que mais gosto (minha coleção de publicações de surf) e releio atentamente matérias antigas que não lembrava mais. Ou lembrava e as vejo (e interpreto) por um novo ângulo.
Pois numa manhã dessas com um belo sol e ondas péssimas o Giovanni me pediu para relatar as evoluções que tivemos com a recente mobilização em busca de um fim para as mortes de surfistas em redes no nosso litoral (já são 45 pelas contas do governo, mas tem gente envolvida na causa que afirma serem 50) e com a formação do movimento União pelo Surf (numa inédita reunião de vários segmentos do mercado, divulgada "a rodo" nos sites de surf locais).
Mas e a mania? É que eu estava folheando a revista “Na Real” (a edição de Tramandaí - pena que ficou só nessas, espero que o Rafa esteja com algo no forno) e logo na primeira página está a matéria comparando as opiniões do presidente da FGS com as da Comissão Surf Seguro.
Domingo passado, dia 17 de junho, houve um debate no Cult Bar e, pelo que foi debatido lá, as posições permanecem iguais, mas conseguimos evoluir (nós, que surfamos abaixo do Mampituba): Agora a comissão tomou forma de movimento, juntaram-se empresas, mídia, movimentos e instituições com o propósito de (mais uma vez e não vou cansar de repetir) acabar com as mortes de surfistas presos em redes.
O movimento é administrado por um grupo de pessoas muito gabaritadas (gente com “pedigri”, tanto profissionais do meio como outros simples amadores do esporte) e determinadas, também cheias de boas intenções. Tem gente ali com mais de uma dúzia de anos na luta pela causa.
Mas e a mania? Pois é. Me paro diante do mesmo fato uns anos depois (não sei exatamente de quando é a revista) e vejo que nas outras vezes os avanços foram mínimos, o movimento esfriou e puff! Sumiu, perdeu-se na rotina dos dias. Mas desta vez não. Já avançamos alguns passos: conseguimos uma audiência pública na Câmara de Deputados, o apoio de alguns deputados envolvidos com esportes, tivemos a promessa do governador em fazer um decreto que muito nos ajudaria (mas o sujeito puxou o bico na última hora - "e os votos dos pescadores", pensou o dito cujo), mas o maior avanço que vejo é justamente a união que criou-se, o movimento com orçamento e campanha para captação de recursos etc...coisa organizada, bonito de ver.
Só que estamos recém no meio da peleia e, como diz a música, “não podemo e não vamo se entrega pros homi de jeito nenhum”. Para isso não podemos deixar passar essa oportunidade, essa união e esses pequenos mas importantes avanços em 2005.
Mas e a mania? Pois é, então imagina daqui uns dois anos mais, pegar essas publicações de hoje e já tendo esquecido esses infelizes fatos, ficarmos perplexos de recordar que em 2005 ainda se pescava gente na costa pampeana. Que absurdo!!!!!
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